Procura dos estudantes e mercado de arrendamento justificam aumento. Casas encareceram em todas as freguesias da cidade.
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Paranhos foi a freguesia do Porto que registou a maior subida no preço da habitação. O aumento foi de 17,9%, valendo o metro quadrado 1847 euros. Este registo terá a ver com a existência do Polo Universitário da Asprela, que atrai muitos investidores para o mercado de arrendamento e tem a correspondência por parte dos estudantes.
Alberto Machado, o presidente da Junta de Freguesia de Paranhos, assinala que o polo conta com "35 mil alunos", o que ilustra a dimensão dos candidatos a procurar alojamento naquela zona. Paulo Pinto, diretor da imobiliária RE/MAX, também faz notar que o arrendamento "é um mercado interessante, que garante liquidez".
Os dados relativos aos preços são oriundos do Instituto Nacional de Estatística e referem-se ao terceiro trimestre de 2020, refletindo a variação face a 2019.
Campanhã no fundo da tabela
No Porto, a União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde continua a ter o preço mais elevado por metro quadrado. Está fixado em 2787 euros e registou um acréscimo de 15,5%. A seguir surge a União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, com 2416 euros e um salto de 15,3%.
No fundo da tabela aparece Campanhã, onde o metro quadrado custa 1297 euros e a variação foi de apenas 10,9%.
De realçar que as casas encareceram em todas as freguesias da cidade e que a taxa média de variação foi de 11,9%, tendo como correspondência um valor mediano de 2016 euros. Na Área Metropolitana no Porto, esse indicador situa-se nos 1192 euros.
Pandemia condiciona
O autarca Alberto Machado reforça que a subida de preços em Paranhos tem a ver com a localização do Polo da Asprela e a "especulação imobiliária" associada à procura de habitação por parte dos universitários.
Diz que "o investimento ora está voltado para o arrendamento, ora aparece direcionado para o alojamento local", e que esta conjugação fez inflacionar os preços. "Assim torna-se difícil para um portuense da classe média adquirir casa no Porto", conclui, em jeito de lamento, observando que a freguesia até "perdeu 500 recenseados" em 2020.
Sobre o número de estudantes, aponta, a título de exemplo, o caso da Universidade Fernando Pessoa, que "atrai muitos alunos estrangeiros que ficam a morar nas zonas de Arca d"Água e de Campo Lindo". Também alude à grande comunidade de brasileiros e que na cidade já representa 10% da população. "Cerca de 20 mil pessoas", adianta.
Paulo Pinto, da RE/MAX, centra-se na dinâmica do mercado. Considera que os números do terceiro trimestre de 2020 "têm a ver com contratos firmados anteriormente, porque, agora, a tendência não é de subida, mas sim de estabilização, com pequena queda, condicionada à evolução da pandemia".
Repete que o investimento para arrendar, como se verifica em Paranhos, é "interessante", mas adverte que o alojamento local está paralisado. "As casas estão vazias. Não há turistas", constata.