Há já 99 infetados no Centro de Apoio e Reabilitação de Pessoas com Deficiência de Touguinha (CARPD), em Vila do Conde. 83 são utentes e 16 funcionários, quase todos assintomáticos.
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Ainda se aguardam os resultados de 27 testes. A equipa foi, entretanto, ontem e hoje, toda substituída. Há, agora, duas alas distintas na instituição da Santa Casa da Misericórdia e, por precaução, quem lá trabalha pernoita num hotel.
"Neste momento, já todos foram testados: dos 94 utentes, 83 testaram positivo; nos funcionários foram feitos 22 testes, 16 deram positivo. Faltam, agora, saber mais 27 que são funcionárias da cozinha, limpeza e lavandaria, que não lidavam diretamente com os utentes." Fizeram o teste hoje e só devemos ter resultados na segunda-feira", explicou, ao JN, o mesário da Santa Casa de Vila do Conde, Rui Maia.
Há algum nervosismo, claro, mas toda a gente tem ajudado e nenhum funcionário se recusou a trabalhar
Ontem, face aos primeiros resultados "em massa", que, conforme o JN noticiou, anunciavam já 62 positivos, a Santa Casa fez uma desinfeção geral, interior e exterior, de todo o centro e a equipa foi "completamente substituída".
"Tínhamos duas equipas - uma em casa, outra a trabalhar - que iriam rodar a cada 15 dias. Agora, fizemos a substituição mais cedo. Os 49 que estavam, até agora, ao serviço já foram todos substituídos", continuou a contar Rui Maia.
Os funcionários, que pernoitavam na instituição durante o "turno" de 15 dias, passarão, agora, a dormir no Hotel Brasão, "a fim de protegerem as suas próprias famílias".
Uma "casa" nova
Agora, o CARPD tem duas alas distintas: uma para utentes com Covid-19, outra para utentes que não estão infetados. Há uma zona de descontaminação para os profissionais, equipa médica e de enfermagem permanente. A postos estão ainda a Câmara, a Delegação de Saúde e o Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde.
Por enquanto, diz Rui Maia, "há algum nervosismo, claro, mas toda a gente tem ajudado e nenhum funcionário se recusou a trabalhar. Têm sido fantásticos".
Os 16 funcionários que acusaram positivo estão assintomáticos. Entre os utentes, os sintomas "só chegaram quarta e quinta-feira e em muito poucos casos". "Apenas quatro têm febre ligeira e um foi para o hospital, porque tem outros problemas de saúde e, por precaução, foi internado".
Sem saber de onde veio
"Continuamos sem saber de onde veio", diz Rui Maia, garantindo que a instituição não recebia visitas desde 12 de março e apenas os funcionários entravam e saíam.
Recorde-se que, conforme o JN ontem noticiou, foi a 2 de abril que os alarmes soaram no CARPD. Uma utente sofreu um AVC a 31 de março. À entrada no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, foi, por rotina, testada à Covid-19. Dois dias depois, o hospital ligou à instituição a comunicar o resultado positivo.
"Ninguém tinha sintomas e a indicação da Saúde era para não testar, mas a utente também não tinha sintomas e deu positivo. Então, resolvemos testar as quatro pessoas mais próximas. Três deram positivo. Rastreamos todos, mas sempre a pensar que teríamos meia dúzia de casos. Nunca esta dimensão", frisa o mesário, que garante ter tido "uma dificuldade enorme" para arranjar testes, ainda que todos fossem sensíveis ao tipo de instituição, que acolhe adultos portadores de deficiência e à possibilidade de ser um foco preocupante.