O Plano de Pormenor para a Quinta da Pícua, em Águas Santas (Maia), atrairá mais 2242 pessoas a uma área onde já moram quase 3700. Nos últimos anos, os campos agrícolas têm dado lugar a construção desordenada em torno da Rua de D. Afonso Henriques.
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O documento, que demorou bastante tempo a ser elaborado e se encontra em discussão pública até 21 de Julho, fixa regras para os futuros ocupantes da zona que abarca quatro antigas quintas (Cruz, Corim, Pícua e Além), delimitada pela A4 e pela Rua de D. Afonso Henriques. E pode ser uma oportunidade para os proprietários dos lotes que esperam há anos por comprador. O grupo Chamartín é detentor da maior parte das parcelas livres.
Com uma área de intervenção com 41,2 hectares, o plano reserva 88% do terreno para habitação. Grande parte desta área já se encontra ocupada. Falta erguer quatro vivendas das 68 previstas (implantadas, sobretudo, na antiga Quinta da Cruz e em torno da Rua do Padre Eduardo Alves Espinheira) e 797 apartamentos. Na envolvente à Pícua, contam-se 1256 fogos em prédios. Em média, os edifícios não possuem mais de seis andares, embora o número máximo de pisos seja oito.
A proximidade do Porto gerou uma procura crescente de terrenos para construção na zona desde os anos 90. O número de moradores na freguesia, a mais populosa da Maia, tem aumentado. Em 2001, superava as 25 mil pessoas com uma taxa de crescimento de 44,8% em relação a 1991. Essa "expansão" resultou numa "urbanização muito pouco ou mesmo nada cuidada e, consequentemente, numa profunda degradação da paisagem", como pode ler-se no relatório do plano. Ainda assim, os edifícios apresentam-se em bom estado de conservação.
Centro comercial recusado
A par de mais habitações, nascerá um novo supermercado (próximo da estação de serviço da A4) que se juntará às seis unidades comerciais de média e de grande dimensões existentes na freguesia. Inicialmente, estava prevista a construção de um centro comercial, tendo por base o projecto do grupo Chamartín, mas os serviços municipais recomendaram a diminuição drástica de 75% da área comercial por temer o encerramento das lojas de rua.
O aumento estimado de moradores e a desactivação da escola primária da Granja por força do alargamento da A4 entre Águas Santas e Ermesinde levaram o Município a projectar a ampliação da actual EB1 da Pícua em funcionamento desde o ano lectivo de 2006/2007. Caberá à Brisa financiar a construção de mais cinco salas (uma destinada a jardim-de--infância) para 125 estudantes, uma biblioteca e campo de jogos. No mesmo lote, ficará o ATL. A Autarquia da Maia faz as contas e conclui que, quando o plano estiver totalmente urbanizado, a zona da Pícua terá 5939 habitantes, incluindo 255 crianças com idades entre os seis e os 10 anos.
O plano contempla, ainda, a instalação de um polidesportivo com balneários e capacidade para 2000 pessoas, ao lado da A4 e junto à Rua de Santo António, enquanto o edifício e os jardins da antiga Quinta do Corim serão convertidos num espaço para actividades culturais. A Câmara gastará cerca de um milhão de euros no arranjo do espaço público, incluindo arruamentos.
O congestionamento da rede viária local, com destaque para a Rua de D. Afonso Henriques, obriga a perspectivar novas obras. O viaduto da Granja sobre a A4 terá finalmente utilidade ao rasgar-se uma ligação entre as ruas de Manuel Francisco de Araújo e de D. António Moutinho. As ruas do Calvário, dos Coriscos e do Padre Eduardo Alves Espinheira serão prolongadas. Esta última ligar-se--á às ruas de Pedro Homem de Melo (hoje sem saída) e de Manuel Francisco de Araújo.