Já lá vão mais de 20 anos desde que Joaquim Araújo começou a plantar manjericos em Pedrouços, Maia.
Corpo do artigo
Na altura, eram apenas aí uns 50 pés. Este ano, serão mais de 30 mil que, de norte a sul de Portugal e até no estrangeiro, vão alegrar as festas dos santos populares. E é precisamente isso que ainda faz mover o empresário: levar boa disposição às pessoas. "Esta planta transmite alegria e, nestes tempos de pessimismo, é preciso encontrar algum ânimo nalgum lado. O manjerico dá isso", afirma Joaquim Araújo.
Desde o fim de maio que nos campos e na casa de Joaquim Araújo não há tempo para descansar. De dia, apanham-se os manjericos e depois da luz se ir, é tempo de os preparar, embalar e distribuir.
O inverno chuvoso que passou não fez bem à plantação. "Que me lembre, foi um dos piores anos para o manjerico. Esteve muito mau porque houve muita chuva e muito frio e ele não gosta disso. Felizmente, as coisas compuseram-se". E quem entra na plantação, num terreno ao lado dos Bombeiros Voluntários de Pedrouços, consegue ver - e cheirar - que sim.
Há filas e filas de manjericos a brotar do solo. Uns maiores, outros mais pequenos, mas todos verdes e bem cheirosos. "É o cheiro a festa", garante Joaquim. E reafirma que a planta é sinónimo de alegria. "Quando entro em algum lugar com as caixas de manjericos, as pessoas ficam logo com um sorriso nos lábios. Dizem: vem aí a festa", conta.
Além da alegria, o manjerico também é importante para manter viva a tradição. "As pessoas tendem a esquecer estas coisas, mas o que temos de bom são os nossos usos e costumes. Nós vamos fazendo a nossa parte para que estas tradições não morram", explica. São pequenas coisas, como utilizar os vasos de barro em vez dos de plástico e, todos os anos, com a ajuda da mulher, puxar pela cabeça a pensar em novas quadras para os vasos. "Temos de valorizar o que é tradicional, que também é o que as pessoas acabam por gostar mais", aconselha.
Trabalhar até à meia-noite
À medida que as festas se aproximam, o ritmo de trabalho aumenta. Nesta e na próxima semana, às 5.30 horas já há gente no campo e trabalha-se até bem para lá da meia-noite. Há cerca de 15 pessoas envolvidas no processo que é totalmente manual, desde a apanha e a colocação nos vasos até à preparação e colagem das quadras nas bandeirinhas.
"Nestes dias, colhemos aí uns dois mil manjericos por dia", contabiliza Joaquim Araújo. "É muito, muito cansativo, mas vale a pena", garante. E, na noite de São João, apesar de exaustos com tanto trabalho, ninguém falta à festa. Até porque "dá sempre um bichinho no estômago quando vemos que a maior parte dos manjericos que por aí andam são nossos. É um orgulho", assegura.