O projeto Acelerar o Norte, que visa promover a digitalização do comércio tradicional, vai apoiar 8670 negócios da região com uma verba até dois mil euros. O investimento total será de 19 milhões, ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
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Como criar uma marca e um mercado digital, como utilizar um computador ou um e-mail, investindo num domínio próprio, e como garantir boa presença nas redes sociais são algumas das formações a realizar, tendo em vista também o potencial de internacionalização.
A iniciativa foi dada a conhecer a empresários da Área Metropolitana do Porto, nesta sexta-feira, no Mercado do Bolhão. Os promotores do projeto defendem que "a digitalização é para todos os negócios, desde o maior, ao mais pequeno". Por isso, foca-se nas micro, pequenas e médias empresas dos setores do comércio, serviços pessoais, restauração e similares, das oito sub-regiões do Norte de Portugal: Alto Minho, Cávado, Ave, Alto Tâmega, Área Metropolitana do Porto, Tâmega e Sousa, Douro e Terras de Trás-os-Montes.
O Acelerar o Norte tem 54 encontros agendados, em várias zonas da região Norte. A iniciativa tem sido divulgada através de um "roadshow" (exposição itinerante), com o qual pretende alcançar mais de 50 mil comerciantes, empresários e trabalhadores.
Em 2023, 60% da população portuguesa fez compras por via digital, o que significou um gasto de cerca de dez mil milhões de euros na aquisição de produtos e serviços. Um crescimento exponencial que acompanha os comportamentos adotados durante "o período da pandemia, impulsionador da digitalização dos negócios, e uma prova de que, do caos, saiu inovação", afirmou Anabela Barbatto, vice-presidente da Associação dos Comerciantes do Porto, que abriu a sessão.
Neste sentido, vão ser espalhadas 16 Aceleradoras de Comércio Digital pelo território nortenho que vão proporcionar ferramentas de diagnóstico, assim como apoio e acompanhamento às empresas, para que alcancem novos clientes, expandam os horizontes de negócio e mudem de atitude empresarial, com base na simplificação dos processos de vendas.
"O objetivo do "roadshow" é trazer ao comércio tradicional a inovação, demonstrar a importância do acesso aos mercados digitais e dar a entender que é possível inovar o tradicional, através do acesso a novas metodologias, presença online, aproveitar os novos mercados e as novas tendências e toda a organização que está associada ao comércio", explicou o presidente da Associação dos Comerciantes do Porto. Rubens de Carvalho assinalou que "ainda existe muito pouca adesão no Porto, um tecido comercial de muita expressão no país e que, neste momento, ainda está muito afastado da realidade que existe no resto da Europa". "Há muitas lojas que ainda não registam a sua presença "web", não gerem redes sociais, nem e-mail têm, e este projeto vem dar resposta a isto. Queremos utilizá-lo como um despertar de consciência de que isto não é um gasto, é um investimento", sublinhou.
A sessão no Bolhão não foi um acaso, uma vez que mais de 50% dos negócios instalados no mercado não têm digitalização. "E, se formos a falar do que é realmente mais tradicional, que é o caso das bancas, é quase a totalidade que não usufrui dessa presença", referiu Rubens de Carvalho. O responsável diz que "o intuito de fazer a sessão no Porto, especificamente no Mercado do Bolhão, é conseguir que isto se propague de algum modo para outros setores que acabam por acrescentar valor, as pessoas verem este exemplo e perceberem que é possível e necessário inovar". "Isto é uma mensagem clara e uma estratégia de que é necessário criarmos marca e estar presentes nos mercados. Afastarmo-nos do mercado digital, que, neste momento, representa uma fatia muito interessante da economia a nível nacional, é estarmos já a partir uns metros atrás. É nesse sentido que surgiu a ideia de fazermos aqui", rematou.
Na abertura da sessão, Nuno Camilo, diretor do Acelerar o Norte, reiterou que "quem não comunica, não existe" e lembrou que "existe uma janela de oportunidade nas comunicações online e é muito importante ter uma pegada digital, que resulte da partilha de sinergias".
O projeto estende-se até setembro de 2025. Para saber mais sobre as ferramentas gratuitas de diagnóstico e consultoria, assim como o apoio à contratação de serviços digitais e capacitação das empresas, os interessados podem consultar o site do projeto Acelerar o Norte. Nesta plataforma poderá ver a agenda do "roadshow" e inscrever-se numa sessão. A próxima decorrerá, na terça-feira, dia 23 de abril, entre as 15 e as 17 horas, em Arcos de Valdevez.