Os passadiços de Gaia recebem o elogio generalizado e é incontável o número de pessoas que os utilizam, mas a obra não vai ficar por aqui: haverá um prolongamento até Crestuma/Lever.
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Aos 17 quilómetros da frente marítima, entre S. Félix da Marinha e o Cabedelo (em Canidelo), e aos 12 quilómetros da marginal fluvial, desde o Cabedelo até Avintes, haverá um acrescento de oito quilómetros.
Hoje, a pé ou de bicicleta, é possível circundar quase todo o concelho, a partir de S. Félix da Marinha, paredes-meias com Espinho, até ao Areinho de Avintes.
A extensão perspetivada pela Câmara de Gaia, com passagem por Arnelas e a meta em Crestuma/Lever, será intervalada por "trilhos na natureza", porque a "morfologia do terreno" e a execução do projeto a uma "cota mais alta" não permitem que o circuito siga os mesmos moldes dos 29 quilómetros já reabilitados.
Na passagem pelo território dos passadiços há vários pontos de interesse: a beleza das praias, o ambiente natural do estuário do Douro, a riqueza patrimonial do Centro Histórico, onde pontificam as caves de vinho do Porto, entre outros.
Por baixo do Mosteiro da Serra do Pilar, a via pedonal e ciclável está transitável mas ainda faltam os acabamentos. "Na encosta, entre a Serra do Pilar e a Ponte do Infante, os trabalhos encontram-se em execução. A conclusão está prevista para antes do Natal", adianta a Autarquia.
"Este processo está a ser desenvolvido numa lógica de etapas, de forma a provocar o mínimo de perturbação, permitindo-nos uma maior agilidade e um aproveitamento gradual dos fundos disponíveis na área do ambiente", explica Eduardo Vítor Rodrigues.
"É notável como a paisagem está a ser preservada, num total respeito pelo modelo construtivo original. Por isso, a obra [nas zonas ribeirinhas] tem um duplo sentido: empreitada de consolidação, por um lado, e por tudo aquilo que pode potenciar do ponto de vista de fruição do espaço", salienta o autarca.
Melhor que a Galiza
Quem frequenta os passadiços diz maravilhas. O portuense Pedro Ferreira atravessa da Invicta para Gaia de bicicleta e conhece bem o trajeto pelas praias, que se estende para Espinho. Há dias, fez a "estreia" na zona fluvial e ficou igualmente encantado. O percurso até ao Areinho foi-lhe "recomendado por amigos". Desde o Castelo do Queijo, cruzando a Ponte de Luís I, na ida e volta a Avintes diz demorar "duas horas".
A família Fernandes, moradora no Porto, também tomou a opção de passear à beira-rio. Neste caso, os pais, Vera e Paulo, e o filho João circulam a pé. A mãe, Vera Fernandes, refere que a escolha de Gaia é um "costume", por ser um local "sossegado". Às vezes, sozinho, o pai, Paulo, elege Avintes como destino, para uma corrida a partir do Clube Fluvial, no Centro Histórico.
Manuel Tavares, de Argoncilhe, na Feira, gaba os dois traçados: mar e rio. Antes percorria o litoral a correr, mas desde há uns tempos que o faz de bicicleta. Conhece a costa em Vigo e na Corunha (Espanha) e refere que a requalificação em Gaia bate aos pontos "o que existe na Galiza".
Capela do Senhor d'Além reabre este ano
A Capela do Senhor d'Além, junto ao sopé da escarpa da Serra do Pilar, muito próxima da Ponte de Luís I, está a ser restaurada desde setembro de 2020. Segundo a Autarquia, "os trabalhos de restauro vão incluir um monumento em forma de garrafa, na torre junto à Calçada da Serra, para homenagear o vinho do Porto". A sua "conclusão está prevista para antes do final do ano". A Capela do Senhor d'Além será mais um ponto de referência para quem fizer o trajeto dos passadiços, seja a pé ou de bicicleta.