A sétima edição do Open House Porto decorre nos dias 2 e 3 de julho nos concelhos do Porto, Gaia, Matosinhos e Maia. São 74 as propostas para visitar gratuitamente, numa verdadeira viagem pelo património arquitetónico público e privado, na companhia de especialistas e voluntários.
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Aquele que, a nível mundial, é o único Open House que decorre em quatro cidades em simultâneo tem nesta edição o maior número de espaços de sempre para visitar: 11 na Maia, 12 em Gaia, 14 em Matosinhos, e 37 no Porto.
"Conseguimos sempre ser diferentes", afirmou nesta quarta-feira Nuno Sampaio, diretor-executivo da Casa da Arquitetura, na apresentação pública da iniciativa, que decorreu em Matosinhos. Palavras deixadas a propósito de o evento envolver quatro municípios, o que permite ao Open House Porto "chegar mais longe, chegar a toda a gente" e proporcionar "um fim de semana de portas abertas".
Destacando o facto de estar em causa uma "área territorial muito ampla" e com um "tecido muito uniforme", o responsável disse ainda que a iniciativa "não era possível sem a grande generosidade dos proprietários, que abrem as suas portas à população". Salientou, também, que há "uma prevalência muito grande de obra pública" nas propostas idealizadas pela arquiteta Graça Correia e pelo historiador Joel Cleto, que se estreia na curadoria do Open House.
Além dos especialistas que vão dinamizar as visitas comentadas, estão envolvidos mais de 200 voluntários. Depois de 2019 ter batido o recorde de visitas - 37 mil pessoas - e de a edição de 2021 ter sido extremamente condicionada pela pandemia, organização e parceiros esperam que 2022 marque o regresso à graNde festa da arquitetura. Em 2018, o edifício do JN também fez parte do roteiro.
A expectativa de Luísa Salgueiro, presidente da Câmara de Matosinhos, é que "todas as pessoas possam visitar os seus espaços de referência e de sonho". Além do corredor do Rio Leça e da Lionesa, a autarca destacou como pontos essenciais deste roteiro o museu das Conservas Pinhais e ainda o Farol de Leça.
Pedro Baganha, vereador do Urbanismo e da Habitação da Câmara do Porto, lembrou que o Open House decorre num território que tem dois prémios Pritzker, o mais alto galardão mundial da arquitetura: Álvaro Siza (em 1992) e Eduardo Souto de Moura (2011), o que, se não for exclusivo, é pelo menos invulgar. Referiu que a iniciativa permite "a descoberta de certos mistérios que estão escondidos nas cidades" e, ainda, "uma leitura do território diferente" daquela a que estamos habituados.
Graça Correia lamentou o facto de, nas hipóteses disponíveis para incluir no leque de sítios a visitar, não haver um único edifício projetado por uma mulher entre os grandes equipamentos públicos. Isso só acontece nos privados, como são os casos da nova sede da Escola Superior Artística do Porto, com Fátima Fernandes no leque de autores, e de um edifício de habitação coletiva em Matosinhos, da autoria de Paula Santos.
Considerando que este Open House "foi tirado a ferros", dadas as incertezas causadas pela pandemia desde que se começou a pensar nesta edição, a curadora citou alguns pontos de interesse nos quatro concelhos. Em Matosinhos, por exemplo, a Casa da Arquitetura, mas também as piscinas de Álvaro Siza em Leça, que, no seu entender são "uma prova de que o betão não é necessariamente um inimigo da natureza".
Entre as sugestões de Joel Cleto destacam-se a cadeia de Santa Cruz do Bispo (em Matosinhos), que no século XVI foi "a mais bela quinta de lazer da Península Ibérica", o Tribunal da Relação do Porto ("uma belíssima peça de arquitetura") ou, ainda, o Velódromo Rainha D. Amélia, nas traseiras do Museu de Soares dos Reis, no Porto.
São muitas as apostas desta edição. Sem esquecer, como habitualmente, os edifícios de habitação. Todas as informações estão em https://2022.openhouseporto.com.