Há mais uma contestação em tribunal a pedir a suspensão do concurso para a nova ponte de metro sobre o Douro e outra está a ser preparada.
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Foi entregue, pela equipa do engenheiro Luís Câncio Martins, um segundo pedido de suspensão do concurso para a nova ponte de metro. A contestação, que ainda estará à espera de ser analisada pelo tribunal, junta-se à ação interposta pelo engenheiro Adão da Fonseca, que se traduziu na suspensão do procedimento esta terça-feira.
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Entretanto, a empresa de engenharia Estrutovia, os belgas Ney & Partners, e o arquiteto José Manuel Soares, que assinaram uma das propostas, estão a preparar-se para fazer o mesmo.
Luís Câncio Martins olha para o concurso de conceção da nova travessia de metro como um "processo cheio de inconsistências" e muito "mal feito", com termos de referência "mal elaborados". O engenheiro considera mesmo que o documento determina "uma série de imposições que não fazem muito sentido".
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O concorrente explica: "Quando diz que não aceita pilares no rio, é muito claro. Noutros aspetos, é muito pouco claro". A principal confusão, nota, é a questão da "previsão" de um viaduto "em cruzamento superior à Via Panorâmica".
"O que fizemos foi propor uma solução em túnel para respeitar todo aquele espaço, que é muito sensível. Um viaduto é uma intervenção muito agressiva. Dá um caráter suburbano", considera Luís Câncio Martins. A proposta, afirma, "foi avaliada" e "ficou muito bem classificada", chegando mesmo a estar em primeiro lugar, revela. "Depois fomos excluídos sem que haja justificação", refere, considerando que o que está em causa é a interpretação da palavra "previsão".
"Argumentos muito fraquinhos"
Às declarações do presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, que disse estranhar a contestação dos concorrentes após terem sido conhecidos os resultados da primeira fase do concurso público, uma vez que todos concordaram com o caderno de encargos, Luís Câncio Martins responde: "Tanto ele como todos os intervenientes do lado da Metro do Porto têm tentado sacudir a água do capote com argumentos muito fraquinhos".
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"Esta questão não tem a ver com aceitar ou não os termos do concurso. Tem a ver com uma interpretação daquilo que está lá escrito. O facto de eu criticar os termos de referência é outra questão. De facto, foi mal lançado. O que é que uma pessoa pode fazer? Concorrer ou não", reforçou.
Mais uma contestação a caminho
Também a equipa do arquiteto José Manuel Soares, que apresentou uma proposta em conjunto com a Estrutovia e os belgas Ney & Partners, está a preparar uma contestação para entregar em tribunal.
José Manuel Soares considera que a Metro não teve "uma atitude clara", tendo feito "um caderno de encargos com pouco cuidado", que dá azo "a uma série de interpretações". Ou seja, para o arquiteto, o documento "aconselhava uma via". "Mas nós não concordamos com essa via, que pura e simplesmente rebenta com aquela margem", observou.
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"Claro que, quando as coisas estão mal feitas, não se admite nenhuma espécie de variação. Exclui-se imediatamente. Ao contrário da opinião dos arquitetos que estavam no júri", afirmou.
"Por que é que a ponte não há de ir já numa cota que não vai fazer nenhum mal lá em cima [junto aos terrenos da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto]?", questiona José Manuel Soares.
O arquiteto explica que "a única diferença" da proposta apresentada pela sua equipa face ao caderno de encargos, ainda que com uma "ligeira inclinação", é que a linha de metro entra no "talude que está associado à Via Panorâmica".