Os professores que se manifestaram contra a violência, à porta da Escola Básica e Secundária do Cerco do Porto, nesta quinta-feira, apelaram ao Ministério da Justiça para que seja célere no tratamento da queixa-crime que foi apresentada contra um aluno, por alegada agressão a uma professora na sala de aula. "Quem entra na escola para agredir tem de ter um processo sumário", afirmou aos jornalistas o docente Vladimiro Campos.
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Segundo o movimento de professores Pela Escola Pública, neste ano letivo houve três agressões no mesmo agrupamento, duas delas a auxiliares e a mais recente, no dia 17 deste mês, a uma professora, durante uma aula. O movimento refere que um aluno do 9º ano aplicou à docente uma mata-leão, uma técnica usada em artes marciais que consiste em imobilizar uma pessoa, apertando-lhe o pescoço com os braços.
O jovem em causa tem 15 anos e não voltou às aulas desde então. A escola já o convocou para ser ouvido, na presença do encarregado de educação, mas a primeira tentativa saiu gorada. Espera-se que seja possível ouvi-lo nesta sexta-feira, pelas 9 horas.
Na manifestação à porta da escola, alunos e professores empunharam cartazes em que se liam palavras de ordem como "Basta de violência" ou "Fechar a porta aos agressores". Ao mesmo tempo, exigiam respeito e justiça.
Em declarações à Imprensa, Vladimiro Campos disse que a professora em causa conseguiu libertar-se no momento da agressão e que a turma, em vez de ajudar, "bateu palmas ao aluno". O porta-voz dos manifestantes referiu-se à existência de um botão de pânico na sala, que teria sido acionado, mas o diretor do agrupamento afirmou que tal dispositivo não existe. Disse que há uma campainha, em todas as salas, para quando os professores precisam de chamar um auxiliar.
Além de pedir celeridade à Justiça, Vladimiro Campos disse que "também a Segurança Social tem um papel importante" no acompanhamento de casos como este e, por outro lado, acusou o Ministério da Educação de "total inércia". Por fim, disse que a Direção da escola está de "mãos atadas".
"Queremos o melhor para os nossos alunos", disse ainda, acrescentando que nesta escola há "alunos de mérito", reconhecidos por diversas entidades.
"É uma escola, tal como em qualquer outro agrupamento, que tem episódios de indisciplina e tem, uma ou outra vez, episódios de violência", começou por dizer aos jornalistas Manuel António Oliveira, diretor do Agrupamento de Escolas do Cerco do Porto. O responsável esclareceu que ainda não foi possível dar início a um processo disciplinar, por o aluno ainda não ter sido ouvido, mas que o caso foi comunicado a elementos da Escola Segura e ao Ministério Público.
O movimento Pela Escola Pública, por seu lado, deu a conhecer que a professora apresentou uma queixa-crime contra o jovem.
Em termos internos, o aluno enfrenta vários cenários: pode ser suspenso, pode ser alvo de medidas de integração ou, caso tal se revele insuficiente e se o caso for considerado muito grave, poderá ser transferido para outra escola. O diretor do agrupamento lembra que, antes de tudo isso, é preciso a escola ouvir a sua versão. "Tem de ser ouvido com o encarregado de educação, porque é um aluno menor", insistiu Manuel António Oliveira.