Movimento cívico contesta a construção de um centro comercial na zona da Boavista, no Porto, e quer ver lá um grande jardim. Há uma petição online para que assunto seja debatido na Assembleia Municipal.
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O Movimento por um Jardim Ferroviário classifica como "aberração" a construção de um centro comercial da cadeia espanhola El Corte Inglés na Rotunda da Boavista, no Porto. Além de contestar a demolição da antiga estação de comboios, como está previsto, o grupo de cidadãos prevê consequências negativas no ambiente e para o pequeno comércio, defendendo para a zona um amplo espaço ajardinado. Preocupações deixadas na manifestação que decorreu na tarde deste sábado junto ao edifício.
A expressão "aberração" foi usada por Francisco Alves, um dos elementos do movimento, ao referir que o centro comercial será "mais alto do que a Casa da Música, que é um edifício classificado". No seu entender, em termos de efeitos para o comércio local o projeto vai ser como "um eucalipto, porque vai secar tudo o que está à volta".
A manifestação foi mais uma de várias ações que o movimento tem vindo a promover para evitar a demolição da antiga estação, que Hugo Pereira considera como símbolo do "património da cidade". Lembrando que foi a "primeira estação ferroviária do Porto", defende que deve ser preservada e inserida no projeto, se não for possível reverter o processo.
Também preocupado com a "preservação da memória histórica", o vereador do BE, Sérgio Aires, referiu que a Câmara ainda pode negociar com os espanhóis e acredita que "o próprio Corte Inglés pode ter interesse" em manter o edifício. Ilda Figueiredo, vereadora da CDU, considera que "para o comércio desta zona, não faz sentido haver mais um grande centro comercial.
O movimento lançou uma petição online com vista a que o tema seja debatido na Assembleia Municipal do Porto. "Esta petição vem reforçar a vontade da população de ser ouvida nos assuntos que lhe dizem respeito", diz o texto.
O terreno onde vai ser construído o centro comercial foi desafetado do domínio público no dia 8. Mais um passo naquilo que o movimento considera ser um "contrato ruinoso para a cidade do Porto, feito há 21 anos".