<p>O pulmão de Ovar está a ser destruído pela forçado mar. Na zona de S. Pedro de Maceda são inúmeros os pinheiros arrancados pelas raízes. Teme-se que a base da Força Aérea e um aterro possam ser ameaçados. No Furadouro, é toda a frente urbana em cheque.</p>
Corpo do artigo
A zona costeira de S. Pedro de Maceda não está em risco de desaparecer. Está mesmo a desaparecer. Como se tratassem de retroescavadoras, as ondas do mar já engoliram a zona balnear e os respectivos acessos, e atacam, sem dor nem agravo, todos os dias, a mata.
O já pequeno areal encontra-se desde há muito juncado de troncos de pinheiros e restos de ramos. Este Inverno, a agitação do mar foi tal que as águas abriram fundos sulcos na terra, tornando a zona ainda mais perigosa e em risco de derrocada.
Base em risco
Apesar de não haver, para já, zonas habitacionais em risco, segundo o presidente da Câmara de Ovar, Manuel Oliveira, caso não se faça algo para defender aquela costa de mais avanços, é certo que o mar irá chegar à base da Força Aérea e a uma antiga lixeira transformada há anos num aterro.
"Se o mar chegar lá poderemos ficar em mãos com um verdadeiro desastre ambiental", alertou o autarca que, recentemente, levou ao local técnicos do Instituto da Água (INAG), da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Centro e ainda da Direcção Geral das Florestas para conhecerem a situação.
Mais a sul, no Furadouro, não é mata que está em risco, mas sim um denso aglomerado urbano.
Apesar das estruturas de defesa costeira terem sido, a par das de Esmoriz e de Cortegaça, reforçadas no Furadouro, numa intervenção que teve um custo global de cerca de sete milhões de euros e que só agora estará a ser dada por terminada, ainda assim aquela praia foi altamente sacrificada neste Inverno.
Areia por todo o lado
Moradores dizem que, desde o Verão e até agora, o mar "comeu" entre 40 a 50 metros de areal. E várias vezes a água do mar subiu até à esplanada, deixando areia por todo o lado.
"A intervenção levada a cabo foi muito importante, mas é claramente insuficiente. Estamos naquela que é considerada a zona mais sensível da costa portuguesa. Em alguns casos, estamos a falar de densos aglomerados urbanos, em outros estamos a falar de floresta que também é um património valioso que temos de manter. Há, por isso, que encontrar outras medidas técnicas para o fazer e daí estarmos a pressionar o Governo nesse sentido", explicou Manuel Oliveira, que colocou a hipótese de se construírem quebra-mares.
A questão já foi levada a reunião da Câmara de Ovar.