<p>O naufrágio ocorrido, anteontem à tarde, sexta-feira, ao largo de Peniche, pode fazer elevar para oito o número de pescadores que desapareceram no mar desde o início do ano. Uma marca que se aproxima muito do total de vítimas registado ao longo de todo o ano anterior.</p>
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Segundo dados fornecidos ao JN pela Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar (APMSHM), em 2009 morreram no mar entre 10 a 15 pescadores. Em 2008, o mar ceifou 11 vidas.
A esperança de encontrar os quatros homens que naufragaram, anteontem ao final da tarde, a cerca de três milhas da praia da Areia Branca, Lourinhã, é quase inexistente e as famílias preparam-se para acolher a pior notícia.
Do naufrágio do barco "Fábio e João" pouco ainda se sabia ontem ao cair da noite. É Hugo Fonseca, mestre e proprietário do "Dário Luís" que conta ao JN aquilo que terão sido os últimos momentos a bordo da embarcação que naufragou. "Estava a chegar aos molhes de Peniche e liguei para o Amândio (mestre do barco) e perguntei-lhe onde estava", conta o pescador, recordando que pouco passava das 19.30 horas de anteontem. Amândio terá dito que estaria "a 20 minutos de Peniche", ao que Hugo Fonseca lhe perguntou se já estaria "despachado" da faina. "Depois só ouvi gritos e ele a gritar: vai virar! vai virar! E mais nada", conta, emocionado, enquanto limpa as lágrimas.
Hugo garante que ligou várias vezes para os telefones e para o rádio do barco, mas "ninguém respondeu". Deu o alerta para a Polícia Marítima de Peniche, e as buscas foram de imediato iniciadas.
Aquilo que se pensam ser os primeiros destroços da embarcação, surgiram a uma milha da praia Azul, Torres Vedras. "A aeronave da Força Aérea detectou um painel transversal da embarcação (que serve para separar as redes) e um balde onde são armazenadas as artes, mas ainda não se sabe se pertencem ou não à embarcação", revelou o comandante da Capitania do porto de Peniche. Segundo Patrocínio Tomás, os objectos foram recolhidos pela corveta da Marinha "António Enes".
A confirmação que os vestígios recolhidos pertenciam à embarcação naufragada foi dada pelas 21 horas, por familiares e amigos dos pescadores, que reconheceram os objectos, que foram deixados na Capitania de Peniche.
Os quatro pescadores, casados e com filhos, a maioria menores, residem todos em Ribamar, Lourinhã. As buscas para os encontrar prosseguem hoje.