Mar ganha nove metros por ano no Furadouro

O social-democrata acusou ontem o Governo de levar a cabo, no Furadouro, "meras obras casuísticas", como as que estão actualmente em curso, de manutenção dos esporões e da defesa frontal, não atacando em força um problema que faz com que a localidade seja uma das afectadas no país pelo avanço do mar.

Numa visita às obras, Aguiar Branco, acompanhado por deputados do grupo parlamentar do PSD, fez notar que o mar tem avançado no Furadouro cerca de nove metros por ano. Situação que, segundo Álvaro Santos, do PSD/Ovar e vereador da Oposição na Câmara, torna a localidade o ponto mais frágil do litoral português no que toca à erosão.

"Trata-se de uma zona onde o aglomerado urbano está perfeitamente consolidado e onde vivem milhares de pessoas. Mais: é uma das praias mais procuradas no Verão e um dos pontos mais turísticos do concelho, daí também a necessidade de ser protegido", explicou Álvaro Santos, adiantando que as obras actualmente em curso não resolvem o problema, até porque o avanço do mar é notório a olho nu, sobretudo na zona sul.

Recorde-se, aliás, que foi exactamente para essa zona que esteve prevista a construção do complexo "Zona Turística do Carregal - Quinta de Colares Pinto", que incluía um hotel, zonas comerciais, habitação e um campo de golfe. O projecto foi chumbado pelo Ministério do Ambiente, já que o estudo de impacte ambiental dizia prever que em 2140 toda a zona estará debaixo do mar.

Assim, o local foi escolhido por Aguiar Branco para anunciar que na próxima semana o grupo parlamentar do PSD irá apresentar um projecto de alteração da lei de base do Ambiente, que diz estar desactualizada.

"A lei de bases do Ambiente foi criada há mais de 20 anos e carece de actualização e de novos conceitos que permitam acautelar o futuro", explicou. "O Governo tem dito que aposta muito na protecção costeira, mas tudo isso não tem passado de uma mera criação de expectativas que não são cumpridas", concluiu.