As Marchas Luminosas atraíram milhares de pessoas a Vila do Conde, para a noite de S. João. As ruas encheram-se, houve muita festa, carros alegóricos e animação musical.
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“Iam muito bonitas! E mesmo com a chuva, o pessoal não fugiu”, dizia Maria Peixoto, olhando para os últimos pares das Marchas Luminosas que ainda seguiam, cantando e dançando, ao fundo da avenida. Aos 69 anos, leva mais de 35 a vender manjericos no S. João de Vila do Conde. Vem com o marido, Manuel, todos os anos de Amares e, nem o S. João à “porta de casa”, em Braga, a faz trocar a festa vilacondense.
As pessoas, a rivalidade entre os dois ranchos da terra – o Monte e a Praça -, a beleza da cidade, as cascatas nas ruas do centro histórico e as tradições locais fazem um S. João “puro e popular”, que, ano após ano, continua a arrastar multidões.
“A Praça ia mais bonita”, sintetizava Fernanda Coentrão, mostrando a t-shirt verde do rancho do seu coração. Mora nas Caxinas. Há muitos anos que, na noite do padroeiro, ruma ao centro da cidade para ver as Marchas Luminosas. “São sempre muito lindas e cada ano melhores”, sublinhou, sorrindo.
Em cada rancho, há mais de 200 pessoas, dos 2 aos 90 anos, a desfilar e uma mão cheia de carros alegóricos com réplicas de monumentos, alusões ao rancho ou recriações de velhas tradições locais.
Muitos bailaricos
Mariana Ferreira torcia pelo “seu” Monte. Juntou pais, filhos, marido, irmãos, cunhadas e sobrinhos e veio apoiar o seu rancho. Garantia que o Monte era “o melhor”, mas, seja qual for a opinião, a rivalidade entre os dois, frisou, “é a verdadeira alma da festa”. Cada um trabalhou quase um ano inteiro para ter os componentes mais bem arranjados, os arcos mais vistosos, as coreografias mais belas e os carros alegóricos mais espetaculares.
À saída do cortejo, caiu “uma carga de água monumental”, mas os milhares que, ao longo da Avenida Dr. João Canavarro, aguardavam a passagem das marchas aguentaram firmes. A chuva parou 15 minutos depois e o calor que se fazia sentir depressa fez esquecer o aguaceiro.
As Marchas Luminosas abriram a noite mais longa do ano. Depois, cada um dos dois ranchos dançou “em casa”: a Praça na praça de S. João, o Monte no monte do Mosteiro. Nos jardins da Avenida Júlio Graça, os carrosséis e as barracas de farturas encheram-se de gente e, na banca de Maria Peixoto, a venda de manjericos ia “de vento em poupa”.
Um pouco por toda a zona histórica havia festa na rua e muitos bailaricos. Na altura do fogo-de-artifício, às 1.30 horas, o difícil era encontrar um lugar vago à beira-rio. O espetáculo, com música à mistura, foi no estuário do rio Ave. Depois, para quem ainda teve forças, a noite seguiu madrugada dentro com o concerto dos Némanus.