Marco Almeida justifica acordo com o Chega em Sintra com "necessidade de estabilidade"

Marco Almeida venceu eleições com mais 3500 votos que a socialista Ana Mendes Godinho
Foto: Filipe Amorim/Lusa
O presidente da Câmara de Sintra justificou, nesta sexta-feira, o acordo com o Chega pela necessidade de estabilidade no executivo, considerando que, em democracia, "não há votos de primeira" e de segunda, e assegurou que falou com todos os partidos.
Corpo do artigo
"Há aqui uma questão que vale a pena valorizar, em democracia, não há votos de primeira e votos de segunda. Os votos são atribuídos pelos sintrenses e os sintrenses ditaram que quer a coligação que liderei, quer o Partido Socialista e quer o Chega tivessem representantes no executivo municipal", afirmou Marco Almeida, à saída primeira reunião do novo executivo municipal.
O autarca eleito pela coligação PSD/IL/PAN justificava assim o acordo firmado com o Chega para que dois eleitos assumam competências na autarquia, após falharem as conversas com os vereadores do PS, que tem quatro eleitos, tal como a coligação liderada por Marco Almeida.
"Eu fiz a minha parte, que foi falar com todos e desafiá-los. Houve uns que aceitaram e outros que não aceitaram. É este o dado concreto", acrescentou.
Chega fica com a Segurança e Atividades Económicas
O Chega vai assim integrar o executivo da Câmara de Sintra, com Anabela Macedo, que vai assumir a pasta da Segurança e Ricardo Aragão Pinto vai ficar com o pelouro das Atividades Económicas, Fundos Comunitários e Mercados Municipais, segundo confirmou, ao jornal "Público", a deputada Rita Matias.
Este acordo com o Chega já fez estalar o verniz na política autárquica sintrense, desde logo, com a retirada da confiança política por parte da Iniciativa Liberal (IL) a Eunice Baeta, por esta aceitar ser vereadora num executivo liderado pelo PSD e no qual o Chega terá pelouros.
Segundo a líder do partido, Mariana Leitão, "a Iniciativa Liberal não abdica dos seus princípios por cargo nenhum, nem viabiliza nem branqueia o projeto político do partido Chega".
PS estava disponível
Também o Livre rejeitou, nesta sexta-feira, participar em qualquer acordo ou projeto político que inclua o Chega na Câmara Municipal de Sintra, realçando que será "uma oposição firme e construtiva" ao atual executivo, liderado pelo social-democrata Marco Almeida.
Já por parte dos socialistas, Ana Mendes Godinho disse, na quinta-feira à Lusa, que "o PS estava completamente disponível para falar e para negociar, mas eles optaram pelo Chega".
"A nossa condição era que houvesse um diálogo e umas negociações nos partidos do centro democrático. E, do outro lado, disseram-nos que não estavam disponíveis para isso, que queriam que o Chega fizesse parte e, portanto, optavam pelo Chega", explicou Ana Mendes Godinho.
A 12 de outubro, a candidatura "Sempre com os Sintrenses", liderada por Marco Almeida, que reúne PSD, IL e PAN, obteve 33,86% dos votos e quatro mandatos. Em segundo ficou a coligação PS/Livre, encabeçada por Ana Mendes Godinho, com 31,67% e também quatro eleitos. O Chega, com Rita Matias como cabeça de lista, obteve 23,38% e conseguiu três mandatos.
