Marco Martins apresentou a demissão da liderança da Concelhia do PS de Gondomar.
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O ex-presidente da Câmara justifica a decisão com a “situação de total falta de respeito pelos órgãos que tem acontecido ao longo dos últimos meses”. Na mira de Marco Martins está a candidatura socialista ao município nas próximas autárquicas, encabeçada por Luís Filipe Araújo, que foi seu vice-presidente e assumiu a presidência da Câmara aquando da sua saída para a empresa Transportes Metropolitanos do Porto.
Reuniões com coordenadores de secção à revelia do presidente da concelhia, encontros de preparação da candidatura, contactos com empresas e contratação de fornecedores sem dar conhecimento, convites para as listas de órgãos autárquicos sem qualquer articulação e colocação de cartazes de campanha na rua sem informar as estruturas do partido são algumas das situações descritas por Marco Martins, numa carta aos militantes.
Na missiva, lembra que entrou para a JS aos 14 anos, que é militante do PS desde os 18 e que ajudou a levar o partido ao poder no concelho e a obter as suas votações mais expressivas.
“Vivemos um total desrespeito, desconsideração, ostracização e tentativa de apagar quem tanto deu ao PS”, acrescenta, alargando as críticas à gestão camarária. Afirma que foram travados projetos que estava em curso e que na autarquia se vive “um clima de medo”, algo que nunca permitiria.Ao JN, Marco Martins, que liderava a concelhia desde 2018, assume que toma a decisão com “tristeza”, recordando que tentou resolver as questões junto da liderança distrital, sem êxito. Também afirma que deu conta da situação aos órgãos nacionais do partido.
“Como percebo que muitos no PS/Gondomar estão confortáveis com este estado de coisas e acham que cortar com o passado é o melhor caminho para vencer respeitarei essas vontades, mas não contarão com o meu apoio, nem serei responsável pelo que possa acontecer”, escreve, ainda, Marco Martins.
Turbulência no PS
A demissão de Marco Martins é mais um episódio da turbulência nas hostes socialistas em Gondomar. Conforme noticiou o JN, Carlos Brás, que foi vereador na autarquia durante seis anos e deputado do PS na Assembleia da República, desvinculou-se do partido para assumir uma candidatura independente à Câmara, deixando críticas à gestão de Luís Filipe Araújo, designadamente na área financeira e no urbanismo.
As críticas foram refutadas pelo atual presidente e candidato do PS à liderança do município. Luís Filipe Araújo considerou, à Lusa, que a candidatura de Carlos Brás não é para ser levada a sério. E assegurou que o partido está “bastante unido”.
“Na política, a coerência e a lealdade contam e o que o Carlos Brás fez foi uma deslealdade ao partido do qual se serviu durante muitos anos”, afirmou, por sua vez, o líder da distrital do Porto. Nuno Araújo considerou a candidatura “incompreensível” e movida por “a ambição pessoal”.