Não foram apenas os 10 mil atletas que fizeram a 17ª edição da Meia Maratona do Porto: o sol quente da manhã deste domingo convidava a sair de casa e o público encheu a marginal para assistir à prova.
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"Vamos embora! Força! Está quase", exclamava-se, à força de palmas de incentivo, desde a Cantareira até ao Passeio Alegre, onde a meta aguardava os milhares de corredores que percorreram os 21 quilómetros de distância. Entre o público que aguardava os maratonistas na reta final estavam os pais do determinado Samuel, que, aos 19 anos, todos os sábados corre "pelo menos uma meia maratona, que faz parte do treino para a maratona" que sonha em fazer ainda neste ano.
"Bem disse para não virem, para não estarem duas horas à espera", dizia Samuel a Fernando Cardoso e Manuela Lasca. Mas "pais são pais", retorquiu o casal, orgulhoso da tenacidade do filho, para quem a corrida "é um desafio físico e mental". O jovem correu com o amigo Hugo Peixoto, da mesma idade, e ambos confessam que não correm por gosto. "Não é gostar, é uma questão de força e a capacidade mental: se se faz aqui, faz-se em qualquer coisa na vida", diz Hugo.
O pai de Samuel explicará que se trata de superação: "Ele é um jovem com objetivos, e cumpre aqueles que traça. E, aqui, o objetivo é terminar, melhorando os tempos". O filho reforça: "é sempre para chegar ao fim".
A manhã aproxima-se do fim, e o jardim do Passeio Alegre fica repleto de gente. Faz-se fila para receber a medalha de participação na prova. "Menina, não quer medalha?", perguntava um dos funcionários com molhos tilintantes de medalhas nas mãos.
Marta e Gonçalo recolheram as medalhas deles, e hão de regressar a Barcelos satisfeitos. Participante assídua da meia maratona do Porto desde 2014, a advogada de 43 anos confessa que, apesar de correr noutras provas, esta está entre as favoritas. "É uma das minhas preferidas, por causa da paisagem, porque gosto do Porto e porque tem muita gente e muitos atletas conhecidos", explica Marta Ferreira. O namorado, Gonçalo Rito, elogia a "boa organização e a animação", e nota que a prova tem "cada vez mais gente".
"Correu tudo muito bem. Faço esta prova desde 2014, e noto que cada vez tem mais gente. Os números dizem isso. E cada vez tem mais estrangeiros", repara a advogada de Barcelos. O diretor da prova, Jorge Teixeira, atesta ambas as realidades, e era, na manhã desde domingo, um homem "satisfeito" e "com o sentimento de dever cumprido". "Neste ano, tivemos um crescimento de mais de 40%, relativamente ao ano passado, e já estamos com números parecidos com os da pré-pandemia. Tivemos 10 mil atletas, dos quais quatro mil são estrangeiros de 81 países", orgulhava-se o responsável da Runporto, que organiza o evento, destacando uma maior participação de franceses, ingleses, espanhóis e brasileiros, que somaram mais de dois mil atletas.
"Nunca vi tanto público na rua", espantava-se Jorge Teixeira, que atribuiu o sucesso na assistência ao bom tempo, que "esteve fantástico". "O balanço é extremamente positivo", reconheceu o diretor da meia maratona.
Com a medalha ao peito, Joaquim Ferreira é, aos 69 anos, outro entusiasta das corridas, e participa "sempre" na meia maratona do Porto, entre outras provas. "Tenho um caixote delas em casa", sorri o sexagenário, sob o bigode branco. "Aos 19 quilómetros é que pesou mais um bocadito, e quando comecei a chegar à meta abrandei", contou ao JN. Franzino, corre desde os 23 anos, e treina "todos os dias de manhã".
Sem pretensões competitivas, a família Veiga, de Gaia, juntou-se para participar na mini-maratona, aberta a todas as idades e com um percurso de cinco quilómetros. "É diferente do ano passado, que foi à volta do Parque da Cidade e choveu. Este ano, está bom tempo", observava Amílcar Veiga, que caminhara ao lado da mulher, Marina, da filha, Ana, e da amiga desta, Inês Araújo, que se estreou no evento. Surpreenderam-se, tal como outros participantes, com a grande afluência de atletas e de público.
O vencedor da prova masculina foi o queniano Gilbert Kibet e da feminina Cynthia Chemweno, da mesma nacionalidade.