Angelita, de 31 anos, brasileira, transexual, desapareceu em 2 de janeiro no Porto e os seus pertences foram depois encontrados no areal de Matosinhos. Polícia Marítima faz buscas e o caso já chegou ao Ministério Público.
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"É tudo muito misterioso, mas alguém quis fazer mal à nossa Angelita. Acreditamos, eu e a família dela, que pode ter sido sequestrada", disse ao JN Jorge, cidadão português casado desde 2019 com a mulher brasileira.
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Angelita, que veio de Goiânia, no estado de Goiás, para o Porto em 2016, está desaparecida desde a madrugada do dia 2 de janeiro. "Não cremos que se tenha suicidado, não tinha razões para isso", diz Jorge. "Alguém lhe fez mal...".
A última vez que o marido falou com Angelita foi cerca da 1 hora da madrugada do dia do desaparecimento. "Ela estava na área da Rotunda da Boavista [no Porto], onde tinha ido visitar uma amiga e falamos ao telefone. Quando lhe voltei a ligar, era já 1. 12 horas, o telefone dela já deu sinal de desligado", revela Jorge.
Preocupado, o marido passou as horas seguintes da madrugada à procura de Angelita pela zona da Boavista, mas sem sucesso. As dezenas de chamadas e mensagens enviadas não deram entrada no telemóvel da brasileira, que continua desligado.
Pertences achados em Matosinhos
O mistério do desaparecimento da cidadã brasileira adensou-se na manhã de 2 de janeiro: alguns dos seus pertences - bolsa, carteira com dinheiro, cartões bancários, bilhete de identidade, mais as botas e as meias; o telemóvel não - foram encontrados, cerca das 9 horas da manhã, por populares no areal da Praia de Matosinhos, junto ao molhe do Porto de Leixões. Alertada, a Polícia Marítima iniciou buscas após entrar em contacto com Jorge, às 11 horas desse dia. O marido confirmou o desaparecimento.
De acordo com o comandante da Polícia Marítima do Porto e de Leixões, Santos Amaral, as buscas foram efetuadas "por terra e por mar" nos dias 2, 3 e 4, não tendo sido localizado nenhum corpo", disse o comandante.
Ministério Público toma conta do caso
O caso, porque envolve uma suspeita de crime, está agora sob a alçada do Ministério Público, com investigação a cargo da Polícia Judiciária.
O marido de Angelita já forneceu às autoridades o número de identificação do telemóvel da mulher, o designado IMEI - International Mobile Equipment Identity, e que permitirá aceder à localização do aparelho.
A comunidade transexual do Porto e de Matosinhos está também a mobilizar-se para ajudar a encontrar Angelita, distribuindo e colando cartazes com a sua fotografia nas duas cidades.
A mulher tem família no Brasil, nomeadamente mãe e uma irmã. Essa irmã estará a tentar viajar para Portugal desde o dia 2, mas, devido às restrições colocadas pela pandemia do coronavírus, ainda não conseguiu autorização para voar.
"Não lhe conhecíamos qualquer inimizade ou mesmo inimigos", diz o marido Jorge. "Nem acreditamos, porque a conhecemos bem, que se tenha tentado matar. Ela andava ultimamente angustiada, porque está a tirar o curso de "personal trainer" e não conseguia colocação para fazer o estágio de fim de curso, mas era só isso, nem se pode dizer que estivesse deprimida", conclui Jorge.