O Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), Almirante Jorge Nobre de Sousa, anunciou este sábado que será lançado em breve o concurso internacional para a construção de oito novos Navios de Patrulha Costeira (NPC), no valor de cerca de 15 milhões de euros por embarcação.
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O CEMA afirmou que pese embora o procedimento tenha de obedecer às normas de contratação pública impostas pela União Europeia (UE), a Marinha "tudo fará" para que os navios "vocacionados para operar a partir dos portos nacionais, para as missões de fiscalização da pesca e atividades ilícitas", sejam construídos em Portugal, se possível, no estaleiro da WestSea, em Viana do Castelo, onde atualmente estão em construção seis Navios Patrulha Oceânicos (NPO) "de terceira geração", os primeiros dos quais "será lançado à água em 2026". Será nesse local que a Marinha deverá também passar a fazer a manutenção e a reparação da sua frota.
"Viana está muito bem posicionada porque já tem cá um cluster e tem conseguido saber diversificar-se porque não está só dependente da manutenção [de embarcações]. Nós agora vamos tentar que também que entrem na reparação", declarou o Chefe do Estado-Maior da Armada aos jornalistas à margem das comemorações do Dia da Marinha, que decorrem naquela cidade até terça-feira, sendo que este sábado foi o ponto alto com a realização das celebrações militares.
"O concurso [para os oito NPC] vai ser lançado em breve e como temos de obedecer estritamente às normas que a UE nos impõe (...), neste momento, cada vez que lançamos um concurso é internacional e depende muito da capacidade que a nossa indústria tenha para discutir com outros parceiros designadamente internacionais, mas nós tudo faremos para forçar, no bom sentido, sem desvirtuar as normas - e um bom exemplo disso são os Navios Patrulha Oceânicos -, para tentar que isso fique cá", declarou, comentando: "Neste momento temos uma tela em branco, temos os requisitos definidos e vamos ver se a indústria nacional consegue dar resposta. Ficaríamos muito contentes em ver os navios feitos cá [em Viana do Castelo]".
Em causa estão "patrulhas costeiros", com uma guarnição de cerca de 13 militares, que vão "operar com drones". E que renovarão a atual frota composta, segundo o almirante Nobre de Sousa, por "patrulhas que fizeram a guerra no Ultramar com 50 anos, um que é o "Zaire" que está na Madeira" e navios adquiridos "em segunda mão à Dinamarca, os patrulhas costeiros da classe Tejo, em fibra de vidro e que não são os mais adequados para o Atlântico".
Em Viana, vai ser criado um ponto de apoio naval da Marinha "próximo dos estaleiros da WestSea", que será o segundo do país, a seguir ao de Lisboa.
O Chefe do Estado-Maior da Armada explicou que este pojeto avança pela "diversificação da atividade no mar", que atualmente não se limita à pesca, mas inclui também a navegação marítimo-turística e a criação de "quintas de vento (parques eólicos) com geradores". "Isso implica obrigações acrescidas de monitorização técnica, é o nosso Instituto Hidrográfico que tem trabalhado para analisar as condições de instalação e depois também de vigilância para garantir a segurança dessas instalações. Isso impõe uma presença acrescida", disse, adiantando que a proximidade ao estaleiro naval é outro fator. "Já os desafiamos para termos um novo modelo de cooperação. Até agora tem sido na construção e nós esperamos que também possa ser na reparação dos nossos navios e com esse ponto de apoio naval, é muito mais fácil ter aqui um navio e pô-lo a reparar, do que mandar equipas daqui a Lisboa ou andar sempre a trazer navios de Lisboa para aqui", disse, concluindo que a comemoração do Dia da Marinha em Viana, tem sido uma "jornada memorável", com "dias de encher a alma".
As atividades têm tido grande adesão de público. O navio-escola Sagres, atracado no rio Lima, junto à cidade, foi visitado por "15 mil pessoas" nos três primeiros dias.