<p>O ex-presidente da República, Mário Soares, recebeu a Chave de Honra da Figueira da Foz, ontem, e aproveitou para desfazer a polémica em torno da sua recusa de dar o nome a uma avenida da cidade, no tempo em que Santana Lopes estava à frente da Câmara.</p>
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O antigo chefe de Estado esclareceu que declinou a proposta feita por Santana Lopes - com quem diz ter tido sempre relações cordiais -, no final do mandato, por não querer, em vida, o seu nome inscrito na toponímia de cidades. “Tem a ver com um princípio”, referiu, ontem, na cerimónia de entrega da Chave de Honra da Figueira da Foz.
A proposta de atribuição da maior distinção concelhia a Mário Soares foi aprovada, recentemente, pela Autarquia, com quatro votos favoráveis do PS e cinco abstenções dos vereadores da Oposição. Em causa estava essa recusa de Soares, anos antes, em dar o nome a uma artéria da cidade, tendo, depois, aceitado homenagens em moldes semelhantes noutros pontos do país, nomeadamente, em Rio Maior.
O PSD e o movimento independente Figueira 100 por Cento haviam, inclusive, anunciado a sua ausência da cerimónia, como noticiava, ontem, o diário As Beiras - algo que o ex-presidente da República apelidou de “baixa politiquice”. O PSD acabou por se fazer representar pelo vereador Miguel Almeida, que, ainda assim, considera que houve, da parte de Soares, uma “descortesia para com os figueirenses”. “Hoje [ontem], teve oportunidade de explicar que não foi uma questão pessoal com o Dr. Santana Lopes”, prosseguiu, dando por encerrada a “discussão”.
No entender do presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde, foi sob a governação de Mário Soares que o concelho “marcou o encontro com o futuro”. “As obras de regularização do Baixo Mondego e a Ponte Edgar Cardoso, inaugurada em 1982, constituem apenas alguns exemplos de uma história feliz”, observou o autarca, acrescentando que, “graças à visão” do ex-chefe de Estado, “foi possível desbloquear, mesmo em tempos economicamente difíceis, as verbas necessárias para a realização destas obras verdadeiramente estruturantes para o concelho e para a região”.