O mau cheiro exalado pelo aterro da Resulima, situado em Paradela, Barcelos, está “cada vez pior” e a velocidade com que se tem vindo a encher o alvéolo levanta muitas dúvidas quanto ao que está ali a ser depositado.
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Quem o diz é o presidente da Junta de Freguesia de Laundos, Félix Marques. A freguesia vizinha, já no concelho da Póvoa de Varzim, exige fiscalização urgência da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e teme que nem em 2025 a situação esteja resolvida.
“O mês de janeiro foi muito complicado. Em vez de melhorar, piorou. Houve dias de muito mau cheiro, que chegou onde nunca tinha chegado: ao parque desportivo de Aver-o-Mar - a quase dez quilómetros de distância - e ao litoral de Aguçadoura (a nove). Deixa-nos ainda preocupados a velocidade com que o álveolo está a encher. Acreditamos que não é só dos resíduos dos seis municipios”, afirmou, ontem, na assembleia municipal da Póvoa, Félix Marques.
O presidente da Junta de Laundos explica ainda que, dois anos depois da inauguração do aterro, a primeira fase das obras com vista a minimizar os maus cheiros ainda nem sequer começou, já que o primeiro concurso público ficou deserto. Agora, está a decorrer novo procedimento concursal, que vai atrasar ainda mais o processo.
“Por este andar, em 2025, ainda vai estar quase tudo na mesma”, lamenta o autarca, lembrando que o “fedor insuportável” é “quase diário”, afeta 11 freguesias dos concelhos da Póvoa, Barcelos e Esposende e milhares de pessoas.
O presidente da Câmara da Póvoa, Aires Pereira, que durante vários anos presidiu à Lipor, que gere os resíduos do Grande Porto, diz que, dois anos depois da inauguração, não se compreende que a Resulima ainda não tenha conseguido controlar o processo de gestão do aterro, de forma a minimizar a incomodidade para os moradores na envolvente.
“Com o avançar do tempo deviam ter esse processo mais controlado, mas não estão a conseguir fazê-lo, o que deixa antever que, provavelmente, o investimento que foi autorizado não vai resolver nenhum problema. É só um melhoral, que não faz bem nem faz mal”, salientou.
O edil também está preocupado com a velocidade a que enche o alvéolo e quer ver APA e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) agir depressa: “Tendo em conta os municípios e as capitações populacionais, leva-nos a crer que o volume de resíduos que lá está a ser depositado não pode ser só dos seis municípios. Tem que haver outra proveniência, a menos que todo o resíduo que esteja a ser recolhido esteja a ser depositado em aterro, o que é uma manifesta violação da lei e dos pressupostos que estiveram na origem da construção de um equipamento daqueles”. Aires Pereira quer ver a APA fiscalizar para saber o que é que está a ser depositado e vindo de onde.