Unidade de tratamento está instalada em Barcelos, mas são os habitantes da Póvoa de Varzim que mais se queixam. Alguns já pensam mudar de casa
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O novo aterro sanitário do Baixo Cávado e Vale do Lima, instalado na freguesia de Paradela, Barcelos, está a deixar os moradores do concelho vizinho da Póvoa de Varzim apreensivos. A nova unidade de tratamento de resíduos urbanos está instalada no limite do concelho de Barcelos, mas são os moradores de Laúndos e S. Pedro Rates, freguesias da Póvoa de Varzim, que têm sofrido com o mau cheiro proveniente daquelas instalações.
António Serra, morador em S. Pedro Rates, vive a menos de 500 metros do novo aterro sanitário e diz que, em determinadas horas do dia, "não se aguenta com o cheiro".
"É mais ao final do dia e não se aguenta com o cheiro, até provoca dores de cabeça", revela o morador de 45 anos. Depois de construir uma vida naquela localidade, até já pensa em mudar de casa. "Quando chegar o verão vai ser pior, ninguém vai aguentar aqui com o cheiro e com os bichos que isso vai trazer. Quando vamos a Viana do Castelo, ao passar em Vila Fria - local onde está instalado o outro aterro sanitário - não se aguenta dentro do carro com o cheiro", lembra, acrescentando que até já falou "com um primo que trabalha numa imobiliária" sobre a possibilidade de vender a moradia.
Na freguesia ao lado, Laúndos, Carlos Campos, de 43 anos, mora a um quilómetro do aterro sanitário e também se queixa do mesmo. "É quase sempre ao final do dia. Para já não se sente o cheiro todos os dias porque acho que aquilo ainda não está a funcionar a 100%. Espero que não piore, senão vai ser muito mau", afirma.
Os presidentes da junta das duas freguesias estão a acompanhar o caso e já fizeram chegar à Câmara da Póvoa de Varzim as preocupações da população. Curiosamente, em Paradela, local onde está o aterro, não há registos de queixas relativas ao mau cheiro.
Fonte da Resulima, empresa que gere o aterro sanitário e que tem como acionistas as câmaras de Barcelos, Esposende, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca e Arcos de Valdevez (detêm 49% do capital) e a Empresa Geral do Fomento (51%), disse ao JN que a unidade ainda está em fase de testes e que, por isso, é normal que o processo não esteja a funcionar na perfeição.
O novo aterro foi construído numa área próxima à antiga lixeira de Laúndos, ocupando 12 hectares.