Multas a condutores que impedem circulação duplicam em dois anos. Obras têm forte impacto na operação da STCP.
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Em dois anos, o número de multas a carros estacionados irregularmente e a perturbar a circulação dos autocarros da STCP mais do duplicou. No ano passado, foram passadas 3130 coimas no âmbito da Operação Via Livre, parceria entre a empresa e a Câmara do Porto, através da Polícia Municipal. Mais 36% (uma subida de 827 registos) face a 2023 e mais do dobro das coimas passadas em 2022 (1541).
Desde fevereiro passado, os fiscais da STCP já podem, eles próprios, multar os infratores, designadamente em faixas bus, paragens e outras áreas onde o estacionamento indevido causa problemas. Para isso, a empresa obteve a certificação da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária e os trabalhadores fizeram formação com a Polícia Municipal do Porto.
O aumento do número de multas foi acompanhado pela subida exponencial de "intervenções pedagógicas": 188 em 2022; 95 em 2023 e 609 em 2024 (aumento de 541% face ao ano anterior). Somando multas e intervenções pedagógicas (advertências que acabaram por não redundar em coimas), chega-se a um total de 3739 medidas corretivas em 2024. Em 2023 tinham sido 2398; e em 2022 ficaram-se pelas 1729. Todos estes dados constam do Relatório e Contas de 2024 da STCP, já aprovado em assembleia geral da empresa.
O estacionamento indevido é uma das grandes dificuldades que os autocarros enfrentam diariamente e, assim, não poderá ser dissociado da reiterada diminuição da velocidade média do serviço. Se em 2019 (pré-pandemia), era de 15,6 quilómetros por hora, em 2023 ficou-se pelos 15,4 km/hora e no ano passado voltou a descer para os 15,2 km/hora.
A empresa sublinha também o "substancial impacto na operação" das obras de grande dimensão e de longa duração, "quer pela alteração de percurso das linhas e acréscimo dos tempos de percurso, quer pelo aumento de tráfego nos troços envolvidos, implicando a diminuição da velocidade comercial e atrasos de horário".
No relatório destacam-se as obras da Linha Rosa do metro, que afetaram eixos fulcrais como a Baixa, Cordoaria/Carregal, Galiza e Boavista; a construção do canal de metrobus entre a Casa da Música e a Praça do Império; o prolongamento da Linha Amarela e a construção da Linha Rubi em Gaia, que condicionaram zonas como Santo Ovídio, Vila d"Este, Candal, Devesas, VL8 e acesso à Ponte da Arrábida; a intervenção na Rua D. Afonso Henriques, em Águas Santas, na Maia, que obrigou a desvios significativos das carreiras 701, 702, 703, 704 e 5M; assim como a empreitada na Rua de S. Vicente, entre Aldeia Nova e Cabeda, em Alfena, Valongo, com forte impacto na 701.
Apesar deste cenário, houve uma ligeira redução de desvios de linhas efetuados: 478 em 2023; 476 em 2024. Em 2022 tinham sido 463, pelo que se verifica uma relativa constância de valores neste parâmetro. A taxa de cumprimento de serviço é que também continua numa trajetória de descida: 96,2% em 2019; 94,8% em 2023 e 92% em 2024.
Num ano em que transportou 71 milhões de passageiros (menos 2,6 milhões do que em 2023), a STCP teve 3450 reclamações (mais 18% do que em 2023 e mais 44% se compararmos com os registos de 2019). A quase totalidade dos protestos estão relacionados com o serviço de autocarro: no ano passado, só 28 visaram o elétrico ou o Museu do Carro Elétrico. Nota, ainda, para os 57 elogios deixados pelos clientes, 54 dos quais relativos às "competências dos motoristas".
Ações pedagógicas
Houve mais autos, mas taxa de fraude baixou
O novo contrato de fiscalização, em vigor desde o final de 2023, permitiu reforçar as ações. Assim, em 2024 foram fiscalizados 1,6 milhões de passageiros, mais 500 mil do que em 2023. O número de autos registados foi de seis mil, mais 27% face ao ano anterior. Só que, como houve mais clientes fiscalizados, a taxa de fraude baixou 12%. No ano passado, foram fiscalizadas 93 mil viagens (72 mil em 2023; 68 mil em 2019), ou seja, houve ações em 4,8% do total.