Um médico do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, de 29 anos, morreu durante a Meia Maratona de Cascais, quando estava a chegar à meta. Os profissionais do instituto estão consternados e lembram o jovem como uma "pessoa especial".
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Miguel Oliveira Santos sofreu, cerca das 12 horas de domingo, uma paragem cardiorrespiratória fatal, a poucos metros de cortar a meta. Não tinha antecedentes clínicos que justificassem a doença súbita e será a autópsia realizada no Instituto de Medicina Legal a determinar as causas da morte.
O atleta, que seguia com o seu pai junto ao Centro Cultural de Cascais, sentiu-se mal e perdeu os sentidos. O dispositivo de assistência médica do evento foi acionado de imediato e o atleta foi transportado numa ambulância para o Posto Médico Avançado, localizado na Baía de Cascais junto à meta.
De acordo com Pedro Araújo, comandante dos Bombeiros Voluntários da Parede, “foram efetuadas manobras de reanimação à vítima por médicos e técnicos de emergência médica em prestação de serviço no evento e ainda foi solicitada a viatura médica de emergência e reanimação do Hospital de Cascais, mas o atleta acabou por falecer no local, onde o óbito foi declarado”. O corpo foi transportado para o Instituto de Medicina Legal do Cemitério da Guia, em Cascais, para ser submetido a autópsia.
Consternação no IPO de Lisboa
Natural da capital, Miguel era médico do quarto ano do internato de oncologia médica e, entre os profissionais do IPO de Lisboa onde estava desde 2022, era reconhecido como “uma pessoa especial”.
“O sorriso, a dedicação, a progressiva competência técnica num trabalho muito exigente eram sentidos por todos”, sublinha Fátima Vaz, diretora do serviço de oncologia médica do instituto, que recebeu a notícia com profunda consternação. Na nota de pesar publicada na página de internet do IPO, a administração deixa as sentidas condolências à família e amigos.
O médico e investigador, que alcançou uma classificação de 19,3 valores na formação geral do internato médico concluído, em 2021, no Centro Hospitalar do Oeste, em Leiria, esteve envolvido em vários trabalhos científicos e, ainda recentemente em novembro de 2024, "apresentou o estudo “Dynamic Heterogeneity Amongst Liposarcomas”, no CTOS (Connective Tissue Oncology Society), em San Diego, nos Estados Unidos da América".
Quarenta atletas assistidos
No evento em Cascais, que contou com a participação de cerca de três mil atletas, “foi prestada assistência a 40 pessoas, quatro das quais necessitaram de transporte para o Hospital de Cascais. Dois foram considerados feridos graves por doença súbita”, explica Pedro Araújo.
O comandante da corporação não considera elevado o número de pessoas assistidas devido à elevada afluência ao evento, no qual a maioria é atleta amador.
O dispositivo de assistência médica no evento desportivo contou com cinco ambulâncias de vários corpos de bombeiros da região que estavam em pontos estratégicos do trajeto e ainda com técnicos de emergência médica em motos e viaturas que percorriam todo o percurso.
No Posto Médico Avançado, montado pela Proteção Civil de Cascais, estavam médicos e bombeiros. O JN entrou em contacto com a organização da prova, mas não obteve esclarecimentos até ao momento.