Oito médicos de Medicina Intensiva, que fazem parte da escala do Serviço de Urgência do Hospital de São João, no Porto, vão entregar, esta sexta-feira, a recusa de prestação de horário extraordinário, para além do legalmente obrigatório, e alertam que esta medida poderá limitar o número de camas no Serviço de Medicina Intensiva da unidade hospitalar.
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Para avançar com a recusa, os médicos falam em "sobrecarga de horas", devido à deslocação da Medicina Intensiva para o Serviço de Urgência. Pretendem que a carreira "não se desfoque da formação em Medicina Intensiva" e esperam que com esta atitude a "situação se altere".
Ao JN, o Conselho de Administração do Hospital de São João diz "entender este tipo de iniciativa como um alerta para a necessidade de uma intervenção assertiva na gestão dos recursos humanos em geral e de uma forma profunda no funcionamento do Serviço de Urgência".
Também é referido que "a ocorrência deste tipo de situações torna-se mais provável num contexto em que os serviços de Urgência necessitam de uma restruturação robusta e organizada", como tem sido alertado. "As preocupações dos médicos vão muito além das questões remuneratórias, não se resolvendo meramente com o aumento do valor de horas extra", é acrescentado.
Esta posição dos clínicos do Hospital de São João não é única no país. Esta quarta-feira, em Aveiro, a administração do Centro Hospitalar do Baixo Vouga deparava-se com a possibilidade de 10 dos 11 médicos de Medicina Intensiva poderem deixar de fazer horas extraordinárias, além das mínimas legais. Todos já ultrapassaram as 150 horas mínimas anuais. Numa carta que seguiu para a Ordem dos Médicos, podia ler-se que por quatro dos clínicos terem sido "forçosamente mobilizados" para "colmatar falhas na escala do Serviço de Urgência [...] deixaram a descoberto a escala do Serviço de Medicina Intensiva".