O funcionamento normal do héli do INEM em Santa Comba Dão, a partir de Agosto, poderá depender do sucesso da reunião entre médicos, enfermeiros e secretário de Estado da Saúde marcada para segunda-feira. Problemas antigos estão a provocar desistências.<br />
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Mais de meia centena de profissionais que asseguram o socorro na região centro, através do helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), estão a desistir. Os enfermeiros ameaçam bater com a porta já a partir de domingo. Os médicos dizem-se solidários.
“Dois colegas desistiram em Julho. Outros poderão seguir-lhes o exemplo em Agosto”, alerta Vítor Almeida, presidente da Associação dos Médicos de Emergência (AME).
A reunião marcada pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, para segunda-feira, poderá “evitar que se radicalizem posições”, diz um enfermeiro. Contudo, o governante garantiu, ontem, na cidade do Porto, que “os meios continuam operacionais”.
Alegados incumprimentos na segurança dos cuidados prestados aos utentes (nomeadamente na esterilização dos instrumentos médicos); vestuário de protecção por renovar há cinco anos; corte unilateral, em Janeiro, nos subsídios de deslocação; e remunerações por pagar desde Abril, são algumas das queixas transversais a médicos e enfermeiros. A maior das quais, diz a mesma fonte, “a falta de diálogo das cúpulas dirigentes do INEM”.
Vítor Almeida confirma o descontentamento dos elementos que integram a escala do INEM. “As pessoas andam desmoralizadas, desalentadas e tristes. Sentimo-nos insultados com a forma como o socorro está a ser gerido pela equipa directiva. E temerosos quando às consequências do incumprimento dos cuidados devidos aos doentes”, avisa o dirigente.
O presidente da AME, primeiro coordenador do INEM em Santa Comba Dão, reconhece que a desistência de médicos e enfermeiros poderá ser superada através de substituições. Mas avisa que os cursos de formação em emergência “não substituem a experiência de quem está no terreno há uma dezena de anos”.
A reunião da próxima segunda-feira com o secretário de Estado da Saúde, é considerada decisiva. “Estou certo que muitos dos problemas que sentimos, não chegam lá cima. Sobretudo os que se relacionam com a segurança dos doentes que transportamos”, desabafa Vítor Almeida.
A equipa que presta serviço no helicóptero de Santa Comba Dão é constituída por 29 enfermeiros e 27 médicos. Trabalham na Guarda, Aveiro, Viseu, Coimbra, Figueira da Foz, Leiria e Caldas da Rainha. Fazem voluntariado remunerado, sobretudo nas folgas, no INEM em Santa Comba Dão.
“Cortaram no valor do subsídio de deslocação. E, apesar da proveniência dispersa dos elementos, deram-nos como alternativa uma carrinha que devíamos apanhar em Coimbra. É de loucos”, ironiza um enfermeiro do INEM.
O JN apurou, junto de uma fonte do INEM, que prossegue a formação de médicos uruguaios para integrar a equipa. Por outro lado, caso os enfermeiros deixem de fazer emergência a partir de domingo, está a ser equacionado o recurso a profissionais de outras regiões.