O executivo da junta de freguesia de Meia Via aprovou, sexta-feira à noite, a realização de um referendo na localidade para aferir se a população concorda ou não com a passagem da mesma para o vizinho concelho do Entroncamento.
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Os eleitos locais tinham deliberado desenvolver diligências nesse sentido, depois da extinção prevista no âmbito da reforma administrativa em curso, tendo o presidente da junta de freguesia da Meia Via, José Gil Serôdio (Independentes) afirmado à agência Lusa que "só assim" se poderia "honrar a memória dos antepassados e evitar a extinção" da freguesia.
"Queremos sobreviver, e se não puder ser em Torres Novas, onde vão ser fundidas ou agregadas nove freguesias, que seja no Entroncamento, concelho vizinho com o qual temos grandes afinidades, amigos e familiares", disse à Lusa Gil Serôdio.
A proposta, submetida esta madrugada em sede de assembleia de freguesia extraordinária, foi aprovada por maioria, com os votos favoráveis do movimento "Meia Via no Coração (MVC)" (4 votos), e 1 voto contra do BE. Os eleitos do PS (2) e do PSD (2) faltaram à magna assembleia, tendo apresentado justificações para o facto.
"É um dia de orgulho para mim e para as gentes da Meia Via. A democracia funcionou e a freguesia e os seus herdeiros ganham, não só, um futuro, com esta decisão dos representantes legítimos do povo, como respeita a memória do trabalho desenvolvido ao longo de décadas pelos seus antepassados", disse Serôdio.
Segundo o autarca, de 63 anos, e que lidera a freguesia pelo terceiro mandato consecutivo, "sempre como independente", a população "lutou durante anos para conquistar reconhecimento e o seu espaço", o que viria a conseguir com a elevação à categoria de freguesia, em 2001.
"O Entroncamento só tem duas freguesias e a lei permite que tenha até quatro, portanto, se o Tribunal Constitucional (TC) não apresentar objeções e se concelho vizinho não se opuser, é para lá que vamos", enfatizou.
"Concorda que a freguesia da Meia Via integre o concelho do Entroncamento?" é a pergunta que vai ser submetida a aprovação do TC, que tem agora 25 dias para se pronunciar sobre a sua validade.
"Se o parecer for favorável, que é o que estamos a contar, executaremos o referendo na Meia Via no feriado do dia 5 de outubro", apontou.