A melhoria da ligação do IC28 à fronteira da Madalena e a Celanova, na Galiza, reivindicada há mais de uma década junto dos governos português e espanhol, por autarcas e empresários da raia, poderá finalmente ter condições para avançar em breve.
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É, pelo menos, o que acreditam os autarcas de Ponte da Barca, Augusto Marinho, e Arcos de Valdevez, João Esteves, que recentemente reuniram com a tutela para, mais uma vez, colocar aquela antiga reivindicação em cima da mesa. E agora também para alertar para o estado de degradação do piso da estrada, que estará a colocar em risco quem nela circula. Em causa está uma via, que data da década de 80 do século passado, sendo formada pelas estradas nacionais 203 e 304, que ligam Ponte da Barca a Lóbios, na Galiza, e cuja reabilitação pode custar cerca de 15 milhões de euros.
“Tivemos uma reunião com o atual Governo, sensibilizando para a importância da beneficiação desta estrada, que necessita, desde logo, de um cuidado, porque foi colocado um tapete de desgaste rápido há cerca de três anos e que neste momento está muito danificado, o que acarreta risco para a segurança rodoviária. Alertamos o Governo sobre a necessidade de acautelar esta situação”, declarou o presidente da câmara de Ponte da Barca, Augusto Marinho.
Há dois anos, em 31 de agosto de 2022, os municípios da fronteira abrangidas pela via tornaram pública uma carta aberta dirigida ao então primeiro-ministro de Portugal, António Costa, e ao presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, a apelar a um maior envolvimento dos dois Governos na concretização da obra.
O ato de assinatura daquela documento, em português e castelhano, teve lugar na fronteira da Madalena, no concelho de Ponte da Barca, e contou com a presença de oito autarcas dos dois lados da fronteira, representantes da CIM Alto Minho e da Deputación de Ourense. Os responsáveis dos municípios descrevem a ligação do IC28 à fronteira da Madalena como "muito sinuosa e perigosa”, e afirmam que esta é utilizada por "cerca de quatro mil veículos por dia, maioritariamente pesados de transporte de mercadorias”.
“Quero acreditar que esta reivindicação vai ser atendida pela sua importância e pela importância que esta ligação tem para o país, porque estamos a falar numa via transfronteiriça muito utilizada, especialmente para o transporte de mercadorias e que encontra aqui um atalho muito grande para a sua deslocação para Espanha, quer depois para seguir para o resto da Europa”, afirma Augusto Marinho, sublinhando que “do lado espanhol as coisas estão a avançar e espero que do lado de cá também e acredito que sim, que se avance nesta via”.
“Estes processos têm os seus trâmites, em termos de projeto, financiamento e execução, demora o seu tempo, mas acredito e estou muito confiante que será uma realidade”, adiantou, referindo: “Falamos com o Governo no sentido de existir uma beneficiação desta via, que contemple a criação de uma faixa de lentos. Estamos a falar de um percurso com cerca de 30 quilómetros, onde, por vezes, é quase impossível ultrapassar se apanharmos uma viatura longa”. Destacou ainda que pela sua “situação estratégica, com ligação muito próxima a Celanova (Galiza) e à alta velocidade, e à A52”, a obra é “extremamente importante para a economia e para as questões relacionadas com a mobilidade da população”.
Indicou, finalmente, que “o Senhor Ministro [das Infraestruturas] ficou sensível, está a estudar o assunto, portanto, acreditamos que teremos aqui uma oportunidade de intervenção nesta via”. “Reivindicamos a possibilidade da sua concretização com a maior brevidade no âmbito do PRR - Plano de Recuperação e Resiliência, e fiquei com a percepção que houve abertura para isso”, concluiu.
João Esteves, presidente da câmara de Arcos de Valdevez, também se mostra confiante de que haverá “novidades dentro em breve”.