Terras de Bouro reabilitou pavimentos e colocou gradeamentos em atrações turísticas. Há dois anos que não há vítimas mortais nas cascatas, mas acidentes continuam a acontecer.
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Jorge Zineira, natural de Murça, "já tinha ouvido falar de acidentes" no Gerês, mas, quando na última semana, se passeou com a família pelos miradouros na zona de Terras de Bouro verificou que, afinal, "são seguros e só cai quem quer". O sentimento de segurança do turista português é resultado de um investimento do Município - com o Fundo Ambiental e o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas - que permitiu, este ano, arranjar caminhos e colocar gradeamentos em várias atrações. A Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR diz que já há resultados.
Foi o filho de Jorge que descobriu o Gerês em pesquisas na internet. "As poças foram o que nos chamou mais a atenção", diz o visitante, numa pausa no miradouro da cascata do Arado, um dos locais que foi intervencionado. O turista fala de um lugar seguro, em contraponto com a realidade que encontrou na cascata do Tahiti, ainda à espera de obras. "Escorrega muito", admite Jorge.
É entre as pedras das cascatas que os visitantes mais sentem o risco de queda. "As paisagens são de cortar a respiração, mas fomos a uma cascata e não arriscamos muito", afirma a algarvia Ana Cristina, junto da família, já depois de uma foto no miradouro do Arado.
Conhecido por ser um dos pontos negros em termos de acidentes, este verão, com o tratamento do piso e a colocação de gradeamento, as autoridades ainda não registaram qualquer incidente no local. "No ano passado, contamos umas três ou quatro situações com quedas", recorda o sargento Miguel Caridade, da UEPS do Gerês.
Novas tecnologias
Para além do Arado, também, os miradouros da Boneca, Junceda, Mirante Velho e Pedra Bela foram intervencionados, num investimento global de 145 mil euros. Na cascata do Tahiti, o local "mais problemático" segundo as autoridades, o presidente da Câmara de Terras de Bouro, Manuel Tibo, promete alterações no próximo ano.
Apesar dos esforços, os militares, com os bombeiros e Cruz Vermelha, continuam a acorrer a diversas situações de buscas e resgates no parque nacional. Até ao final de julho, a GNR contou 19 ocorrências, nomeadamente, dez casos de pessoas que se perderam e nove salvamentos, num total de 35 vítimas. O ano passado, de janeiro a dezembro, houve 39 ocorrências com 67 vítimas. Desde 2020 não se lamentam mortes. "Chegamos cada vez mais às pessoas através de novas tecnologias, nomeadamente o Whatsapp", esclarece o sargento Caridade.
Durante estes meses, a missão dos 18 militares passa, também, por sensibilizar para o risco de incêndio. "Quando os estados de alerta estão decretados, não podemos circular em muitos locais", avisa o responsável.
Estacionamento na cascata do Tahiti
Para além da placa instalada a alertar para o "perigo de morte" na cascata Fecha de Barjas, mais conhecida por cascata do Tahiti, a Câmara de Terras de Bouro tem em marcha um projeto para garantir, a partir do próximo ano, "segurança máxima" na visitação ao local, que passa por um miradouro e a proibição de banhos, refere o presidente Manuel Tibo. Ao mesmo tempo, o autarca diz que tem estado em diálogo com proprietários da zona para avançar com uma limpeza nas margens da estrada, para ali criar uma baía de estacionamento e, em caso de emergência, haver "condições para um plano de evacuação mais fácil".