Uma menina de dois anos ficou esquecida na carrinha de transporte escolar do Colégio "O Carinho", no Barreiro, durante toda a manhã e parte da tarde da última segunda-feira. A criança foi encontrada na carrinha, apática, desidratada e com fome. O Colégio recusou prestar esclarecimentos.
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O caso ocorreu na segunda-feira mas a mãe só teve conhecimento no dia seguinte por denúncia de uma auxiliar. Soraia Antão, 26 anos, culpa o fundador do colégio, e que assegura o transporte das crianças, Gilberto Ferreira. Apresentou queixa na PSP do Barreiro e vai ser ouvida em novembro. Em causa, pode estar o crime de abandono.
Na segunda-feira, a menina saiu de casa no transporte escolar do colégio perto das oito da manhã. Durante a tarde, Soraia enviou um e-mail à educadora da filha a perguntar como estava a correr o dia. "Não me responderam, achei estranho, mas, mais tarde, soube que foi nesse momento que a educadora perguntou ao senhor Gilberto onde estava a menina e este foi encontrá-la na carrinha", revela ao JN.
Ao final da tarde desse dia, a menina foi deixada em casa na mesma carrinha. A mãe perguntou como correu o dia e tanto Gilberto como a menina responderam que "bem". "Ele disse-me que ela comeu, dormiu a sesta e brincou com os meninos. Já a filha disse-lhe apenas que "brincou".
Levei a menina no meu carro e abordei a educadora que me pareceu em pânico, o que estranhei
Soraia achou estranho, ainda para mais, por ver a filha completamente suada e com olheiras, sinal de que não havia dormido a sesta. "Quando lhe dei banho reparei que tinha umas marcas no corpo, mas pensei que fossem causadas por um menino mais velho que a costuma morder e agredir", conta. A mãe enviou uma mensagem a Gilberto, afirmando que iria falar com a educadora para perceber a origem daquelas marcas
Perante a mensagem de Soraia, Gilberto pediu para não se dirigir ao infantário no dia seguinte pois não estaria lá. "Apenas posso falar com a educadora na presença dele, mas ainda assim fui. Levei a menina no meu carro e abordei a educadora que me pareceu em pânico, o que estranhei". À hora de almoço, conseguiu falar com o dono do colégio e a educadora. Foi-lhe explicado que a menina não tinha sido agredida pelo colega de sala, mas que tinha sido deixada, por engano, na creche da instituição, noutro local.
Soraia não ficou satisfeita com a explicação, mas regressou a casa, deixando a filha no colégio. E seria na tarde de terça-feira que veio a inteirar-se do sucedido. "Recebi um e-mail de uma auxiliar a pedir para que lhe telefonasse urgentemente. Foi quando soube que a menina foi deixada na carrinha, e que esta não saiu da frente do colégio o dia inteiro", revela.
Ninguém admitiu que a menina ficou na carrinha, mas disseram-me que não sabiam o que tinha acontecido
Perante a informação, Soraia regressou ao colégio durante a tarde dessa terça-feira e retirou a menina da sala onde esta dormia. "Pediram-me desculpa, ninguém admitiu que a menina ficou na carrinha, mas disseram-me que não sabiam o que tinha acontecido". Nessa tarde, dirigiu-se à esquadra da PSP do Barreiro e apresentou queixa.
O JN entrou em contacto com o colégio, mas foi dito que não iriam prestar esclarecimentos sobre o caso.