Uma menina, de três anos, natural de Fornelos, no concelho de Cinfães, ficou esquecida seis horas num autocarro de transporte escolar operado pela empresa Transdev. Já foi aberto um processo de averiguações e as duas vigilantes contratadas por uma empresa privada estão suspensas de funções. O caso ocorreu na segunda-feira.
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Segundo Manuel Pereira, diretor do Agrupamento de Escolas General Serpa Pinto, o que se passou foi "uma coisa absolutamente estranha" e que nunca tinha acontecido no concelho de Cinfães.
"As vigilantes contratadas por uma empresa, a quem a Câmara paga o serviço, que recebem as crianças de manhã nas famílias e as entregam na escola, ter-se-ão esquecido da menina no autocarro", conta.
"A mãe, às 15.30 horas foi buscar a menina à escola e a educadora disse-lhe que ela tinha faltado naquele dia. Depois foram ao autocarro e a menina estava lá, ainda no banco, onde terá adormecido, com o cinto posto, naturalmente estava como poderia estar, urinada, muito tranquila à espera que chegasse a funcionária", acrescenta.
Manuel Pereira diz que mal teve conhecimento do ocorrido falou com o coordenador da escola, município e com os pais da criança. A menina e os familiares estão a ter acompanhamento psicológico.
A escola abriu um processo de averiguações com caráter de urgência, que deverá estar concluído no início da próxima semana. As duas vigilantes em causa estão suspensas, a mando da Câmara Municipal, até que o caso seja esclarecido cabalmente.
"Os pais não apresentaram queixa. Fizemos tudo o que é possível fazer, ouvimos os pais, estamos a dar acompanhamento psicológico e abrimos um processo de averiguações, que está a decorrer. Têm que ser ouvidas todas as partes, é uma situação absolutamente inacreditável, que no meu ponto de vista não há nenhuma justificação para que isto acontecesse", afirma Manuel Pereira.
O Agrupamento de Escolas General Serpa Pinto já entrou em contacto "com os sete coordenadores dos centros escolares para serem arranjados mecanismos burocráticos" para que este tipo de caso não se volte a repetir.
"Agora todos os vigilantes vão ter que andar com uma lista dos meninos que recebem e terão que confirmar que os entregam todos, assinalando que os recebem e entregam. Isso é ridículo, mas tem que ser", justifica o diretor do estabelecimento de ensino.
A Transdev informa que o motorista em causa foi ouvido no âmbito do inquérito em curso para apuramento das responsabilidades de todos os intervenientes, dada a gravidade da situação.
Contactada pelo JN, a Câmara de Cinfães diz que o presidente da autarquia, Armando Mourisco, só fala quando tiver as conclusões do processo de averiguações que foi instaurado.