Uma criança de 7 anos morreu, segunda-feira de manhã, quando, na companhia do irmão, de 13 anos, se preparava para o banho em casa dos avós. Uma fuga de gás na divisão sem ventilação foi fatal para o mais novo.
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O grito lancinante de uma avó desesperada era o único som que se ouvia no longo vale onde fica encaixado o lugar de Pereira, freguesia de Salto, Montalegre. A aldeia acabava de viver aquela que talvez tenha sido a sua maior tragédia.
Dois meninos, Tiago e Ricardo Peixoto, de 7 e 13 anos, estavam a passar uns dias na casa dos avós e preparavam-se para tomar banho. Acabaram os dois caídos na casa de banho e foram mais tarde encontrados pelo avô.
"Ao que tudo indica, terá sido uma fuga de gás dentro da habitação, mas as informações técnicas só poderão ser avançadas posteriormente", avançou Hernâni Carvalho, comandante dos Bombeiros Voluntários de Salto. Este operacional explicou que "o esquentador estava dentro da casa de banho onde as crianças estariam a preparar-se para tomar banho".
Os bombeiros acorreram rapidamente à casa, onde encontraram Tiago já em paragem cardiorrespiratória. "Infelizmente, a vítima de 7 anos não sobreviveu e o óbito foi declarado ainda no local. À nossa chegada, foram efetuadas todas as manobras de reanimação que se revelaram, contudo, infrutíferas", contou Hernâni Carvalho.
Os meios do INEM foram acionados e Ricardo acabou por ser transportado de helicóptero para o Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, onde se encontra estabilizado e livre de perigo.
Aldeia em choque
No local esteve uma equipa do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Chaves . Segundo apurou o JN, o esquentador estava colocado no interior da casa de banho, sem qualquer saída para o exterior, o que poderá ter sido uma das causas da tragédia.
Ricardo e Tiago vivem em Braga com os pais, mas é normal rumarem a Pereira, para passarem alguns períodos de férias com os avós. "Eles já cá tinham estado cerca de 15 dias e tinham voltado (domingo). Foram os pais que os trouxeram", disse, ao JN, um vizinho.
No clima de consternação e grande dor que atingiu o pequeno lugar, quase ninguém queria falar sobre a tragédia. Ainda assim, este vizinho contou o que conhecia da relação dos avós com os netos.
"O avô andava sempre com eles para trás e para a frente, rua abaixo, todos cheios de alegria. Ninguém imaginava que pudesse acontecer uma tragédia destas. Os avós levavam-nos a Salto de carro e davam-lhes tudo", conclui.