Confundido muitas vezes com o “vício do casino”, este jogo evoluiu e reúne milhões de entusiastas. A Solverde recebeu centenas de jogadores no último fim de semana. Fotos: Maria João Gala
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Consagrado na lei como um jogo de fortuna e azar, o póquer é "muito mais do que sorte" e requer uma série de capacidades. O JN acompanhou uma etapa da competição Solverde Poker Season, no Casino de Espinho, que concentrou num só sítio centenas jogadores durante quatro dias.
Além da paciência e resiliência, virtudes assinaladas pelos jogadores inquiridos, o estudo do jogo é considerado essencial. O preconceito quanto ao perigo do vício e a possibilidade de se tornar um desporto foram outros dos temas fortes abordados.
Comecemos pelo princípio. O póquer é um jogo de cartas, que necessita de duas ou mais pessoas, onde o objetivo é ganhar o pote, ou seja, a soma de dinheiro apostada pelos participantes. Para vencer a "mão", ou a jogada, é preciso ter a melhor combinação possível, entre as cartas que o jogador tem na sua posse e as que estão na mesa.
Partindo deste pressuposto, é imperativo perceber qual o perfil de um jogador. "Os melhores do Mundo vêm do xadrez e de outros jogos de estudo. É preciso muita prática, muito estudo e depois ler o adversário, que é isso que difere um bom de um mau jogador", explicou Ricardo Matos, diretor de jogo da Solverde.
Matemática e psicologia
"É preciso saber gerir as emoções, o cansaço e descansar bem. Não dá para sair daqui para a noitada. Temos que nos alimentar bem, estar concentrados, ser resilientes e saber as nossas limitações", revelou Daniel.
Aventura há muitos anos
Já Paulo Nunes entrou nesta aventura "há muitos anos", inicialmente só com amigos, tendo desenvolvido um gosto particular pelo póquer.
Ainda assim, conta com muitas horas à mesa e tem uma opinião forte sobre a parafernália que podemos observar nos profissionais, que participam nas grandes competições. Óculos escuros, headphones e adereços (tipo lenços) para tapar a cara, de modo a evitar a leitura de microexpressões, são parte do kit.
Prémio de 17.700 euros
O póquer é muitas vezes associado ao vício do jogo e confundido com quem costuma jogar nas “slots”, onde se trata apenas de sorte pura e dura, não havendo qualquer estratégia possível. Ricardo Matos acredita que, hoje em dia, já se diferencia uma coisa da outra e que o preconceito se tem desvanecido.
"O jogador de póquer tem orgulho e não nega à família que joga, penso que já não é um tema tabu. Costumo aconselhar a que continuem a jogar, desde que sejam disciplinados e tenham consciência do que podem gastar", resume o diretor.
Ainda assim, acredita que, pelo nível a que se joga, e tendo em conta as aptidões necessárias para o fazer, já poderia muito bem ser considerado desporto.
"Hoje em dia, no estrangeiro, o jogador de póquer é quase visto como um futebolista, não como um viciado em casino. Isto é quase um desporto ou um trabalho, tanto pela vertente competitiva, como pelo facto de ser jogado contra outras pessoas", explica Assunção.
Nesta etapa do Solverde Poker Season, o evento contou com três centenas de entradas e o vencedor foi Tiago Alves Brito, que ganhou 17.700 euros e o título de campeão da terceira ronda.
Fora da mesa
Bruno Santos dá notícias de póquer há 21 anos
O póquer atrai todo o tipo de entusiastas, seja para jogar, seja para assistir. Há ainda quem prefira noticiar o que se passa neste universo, como é o caso de Bruno Santos, gerente do site PokerPT, que dá as novidades sobre os jogadores portugueses que arrecadam fichas por esse Mundo fora, há 21 anos. “Não inventamos a roda. Vemos o que se faz no estrangeiro e adaptamos ao nosso contexto. Fazemos notícias sobre a indústria em si, jogadores que ganham prémios… Num dia fraco temos, pelo menos, sete ou oito artigos”, disse.