No Bolhão, no Porto, até sábado quem quiser pode participar nas oficinais para a construção da cascata comunitária, que depois ficará exposta no mercado portuense. A iniciativa é do município e conta com o atliê Brâmica. "Não consigo imaginar o São João sem as cascatas", diz a participante Teresa Moreira.
Corpo do artigo
O São João não é o mesmo sem as tradicionais cascatas comunitárias. Para Lucy Lorcy, este será a primeira festa saojoanina passada na Cidade Invicta. A estudante francesa, que está a completar o curso de arte e a estagiar na Brâmica, da ceramista Teresa Branco, não quis perder a oportunidade de participar nas oficinas abertas.
"Eu sei que o São João é uma festa muito importante", começa por contar Lucy, que, apesar de não ser do Porto, quis contribuir para a cascata inspirando-se "na rua" que percorre todos os dias "de casa para o trabalho, nas cores vivas, no rio, nos barcos e nos manjericos que são bastantes famosos".
Já os mais velhos ficam felizes ao verem a tradição a ser mantida. "Eu cresci aqui, sempre vi as cascatas. Não consigo imaginar o São João sem elas", diz Teresa Moreira, que gosta de participar e contribuiu com "uma coisa muito típica da cidade, um chafariz".
Este é um tempo de relembrar o passado. Teresa Moreira cresceu numa espécie de ilha, onde também havia uma cascata. "Quando era mais nova, a minha ilha tinha um género de cascata, a minha forma de ajudar era andar à volta a pedir um tostãozinho, para depois ir comprar rebuçados", recorda, considerando as cascatas "a alma do São João".
Moldar as peças em barro
Carolina Ribeiro está no projeto a dar apoio e a receber as pessoas. "É o meu primeiro ano, já tinha ouvido falar desta tradição e é sempre bom fazer parte", explica Carolina, que, não tendo nascido no Porto, facilmente começou a perceber que "os locais vivem muito as cascatas e o São João, que não é só a festa na rua, também é fazer parte desta construção".
Lisa Barbosa é outra das participantes. "Gosto imenso destes projetos comunitários, então aceitei logo", afirma. "É uma maneira de preservar uma cultura e uma tradição únicas. A cascata é uma forma de exprimir coisas do nosso quotidiano, os estilos de vida de muitos portuenses", adianta.
Na organização das oficinas, Lisa considera que este seu segundo ano "superou as expectativas", pela "imensa afluência". Apesar de todo o processo ser um pouco demorado e trabalhoso, explica como funciona: "Damos um bocadinho de barro às pessoas. Depois temos uma conversa inicial para saber mais ou menos que tipo de ideias é que têm e o que pretendem fazer. A partir daí adaptamos a melhor técnica na área da cerâmica para concluir as ideias".
A ceramista Teresa Branco, da Brâmica, não podia estar mais feliz por ver a sua oficina a participar no projeto. "A iniciativa é da Câmara, mas nós somos uns felizardos em participarmos e dá-nos um orgulho imenso". Diz tratar-se de "uma junção de saber fazer, de tantas pessoas de origens diferentes". O elogio é óbvio: "Uma tradição fabulosa".
As oficinas abertas promovidas pela Brâmica, que começaram esta sexta-feira, têm continuidade no sábado, das 10 às 13 horas e das 15 às 17 horas. A inauguração da cascata comunitária acontecerá na próxima quarta-feira, na bancada histórica do Mercado do Bolhão, podendo ser vista até ao dia 30 de junho.