Cerca de 150 pessoas voltaram a dar corpo à iniciativa de ir ao banho, com água a 10 graus, no primeiro domingo do ano em Vila Verde.
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Para que ninguém se sinta enganado, o termómetro permite deixar tudo claro, num dos últimos instantes em que ainda é possível desistir da ideia de entrar de cabeça na água do rio Cávado em pleno mês de janeiro. “Pessoal, a água está a 10 graus, o mesmo que está cá fora. É uma maravilha”, diz António Silva, conhecido como Mousinho, o organizador do Mergulho no Cávado.
A iniciativa, que acontece sempre no primeiro domingo do ano, voltou a cumprir-se este domingo, na praia fluvial do Faial, na Vila de Prado, em Vila Verde, onde cerca de 150 pessoas mergulharam de cabeça para dar as boas-vindas a 2024 – ainda que com alguns dias de atraso. Na margem direita juntaram-se largas centenas de pessoas para assistir.
“É uma forma de ficar rijo para o ano todo e de libertar as impurezas. Não há nada melhor contra as gripes”, diz ao JN Mousinho, presença assídua na praia do Faial e a banhar-se no Cávado, mesmo quando chove ou o frio é mais intenso.
“Brincadeira” deu nisto
“Desde 2014 que venho praticamente todos os dias ao rio. Daí nasceu este evento, quase por brincadeira, quando desafiei alguns colegas a fazermos do primeiro domingo do ano um dia de Verão nesta praia fantástica”, conta, “orgulhoso” de ver o crescimento da ideia que lançou.
“Temos pessoas fiéis que vêm todos os anos e outros que sabem por alguma forma, têm curiosidade e mandam mensagem para saber como podem participar. Tudo isto é muito informal, basta aparecer e mergulhar”, sublinha Mousinho.
Um dos participantes habituais é Alberto Pereira, “nascido e criado” na Vila de Prado, onde o rio é “muito valorizado” pela população, que tem “orgulho” naquele património natural. “Faço questão de estar cá sempre, é uma tradição que se criou e que vai crescendo. Já sabemos que o primeiro domingo do ano é para vir dar um mergulho”, conta Alberto Pereira, numa posição partilhada por Manuel Brito, que chegou do concelho vizinho de Amares. “A água estava espetacular, fui o último a sair”, diz o amarense ao JN.
Após o mergulho, quem foi à água e quem ficou apenas a ver juntou-se para um convívio em redor de uma mesa com natas e vinho do Porto. Essa confraternização final é também uma das imagens de marca do evento. “Temos sempre um miminho para oferecer depois do mergulho. O objetivo é que as pessoas convivam, troquem dois dedos de conversa e depois cada um vai à sua vida”, resume Mousinho.