O mestre da embarcação de pesca à ganchorra envolvido na colisão com um navio de transporte de passageiros no Rio Tejo na tarde desta segunda-feira ficou com as pernas esmagadas e foi submetido a cirurgia no Hospital Garcia de Orta.
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É um dos dois homens que foram resgatados, momentos após a colisão no Tejo, num momento em que regressava ao cais, em Almada após a pesca de amêijoa, no Montijo.
De acordo com Paulo Vicente, comandante da Polícia Marítima de Lisboa, o mestre da embarcação está "em estado muito grave". O outro sobrevivente já teve alta hospitalar.
A Polícia Marítima de Lisboa continua a busca por dois outros pescadores que estão desaparecidos. Tratam-se de dois homens, Fábio Amaral e Manuel Guerreiro, com 26 e 32 anos respetivamente. As buscas decorrem na zona onde se deu a colisão e já é colocada a hipótese de não terem sobrevivido. "Esta é uma zona muito larga, com 30 quilómetros por 15 quilómetros, mas também há a hipótese de os corpos surgirem na foz do Tejo devido à influência das marés", disse Paulo Vicente.
A Polícia Marítima está a investigar o sinistro, através do Gabinete de Investigação de Acidentes Marítimos, e já foi dado conhecimento ao Ministério Público perante a possibilidade de acidente com mortes. Se for confirmada a morte de tripulantes, será aberto um inquérito crime no Ministério Público para apuramento de responsabilidades pela perda das vidas.
Até à manhã desta terça-feira, não havia sinais dos desaparecidos e todos os intervenientes nesta situação já foram ouvidos, entre os quais o capitão da embarcação da Transtejo e Soflusa e os dois sobreviventes.
Estavam na pesca de amêijoa
Sabe-se que a embarcação de pesca tinha estado na zona do Montijo na pesca de amêijoa com ganchorra . Seguia de volta para o Cais do Caramujo quando se deu a colisão com uma embarcação de transporte de passageiros que fazia o trajeto entre o Barreiro e Lisboa.
Uma embarcação de pesca que passava na zona resgatou dois dos pescadores que ocupavam a embarcação naufragada. Foram assistidos no Cais da Margueira, em Cacilhas, e transportados para o Hospital Garcia de Orta pelos Bombeiros Voluntários de Cacilhas.
A investigação da Polícia Marítima falou com o capitão do navio de passageiros, que contou que seguia o trajeto, sem efetuar qualquer desvio, quando a embarcação de recreio com quatro pescadores embateu na lateral do barco. Ainda tentou travá-los com sinais sonoros, mas sem sucesso. Os dois sobreviventes também foram ouvidos pela investigação.
Ao que o JN apurou, a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) já pediu dados à Polícia Marítima no sentido de perceber se os pescadores envolvidos no acidente tinham licenças. De acordo com Paulo Vicente, "nada do que aconteceu tem que ver com a atividade de pesca, mas é sim um sinistro marítimo e o que se investiga tem que ver com as regras de navegabilidade".