Depois de tentar alugar autocarros para avançar com a operação provisória no canal de metrobus entre a Rotunda da Boavista e a Praça do Império, no Porto, a empresa do Metro desistiu da ideia, dado o tempo que iria demorar a necessária adaptação dos veículos.
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Entre outras especificidades, os autocarros devem ter as portas à esquerda, para não terem que circular em contramão no canal de metrobus, uma vez que as paragens estão no centro da via. Ora, o processo de adaptação - e havia operadoras disponíveis para avançar - fazia com que os autocarros só ficassem prontos depois da chegada dos veículos comprados pela Metro para a operação do metrobus. Assim, a empresa deixou cair esta operação provisória, noticiou o "Público" nesta sexta-feira. O canal continuará, assim, sem o uso para que foi construído, estando a servir como ciclovia.
A chegada dos veículos comprados para especificamente para o metrobus está prevista, contratualmente, para abril. Mas a Metro continua a trabalhar no sentido de tentar antecipar prazos. A ambição de receber veículos até ao final de 2024 esfumou-se, mas há a expectativa de que os dois primeiros cheguem entre o final deste mês e o início de fevereiro, indica a notícia do Público. Apesar de não ser possível começar a operação com uma frota tão reduzida, os dois veículos permitiriam a realização de testes e a formação de motoristas. A instalação de equipamentos e a homologação dos autocarros pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes são outros passos a tomar, que a Metro estima concluir em dois meses após a entrega dos primeiros veículos. Os 12 autocarros a hidrogénio foram encomendados ao consórcio português constituído pela CaetanoBus, a DST Solar a Dourogás Natural, a PRF e a BrightCity.
Antes da entrada em funcionamento do metrobus, serviço que será gerido pela STCP, é preciso que o canal passe para alçada do Município, o que ainda não aconteceu. Aliás, continua por assinar o memorando de entendimento entre o Estado, a Câmara e a STCP e a Metro, que permitirá o avanço do metrobus. A Câmara do Porto apontoiu críticas ao documento e foi solicitada a intervenção do ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.
Encravado continua também o avanço da ligação de metrobus até à Praça Cidade S. Salvador (Rotunda da Anémona), em Matosinhos, devido a uma ação judicial interposta por um dos concorrentes (empresa ABB) que não venceu o procedimento lançado para a execução da obra. A ação tem efeito suspensivo, pelo que até decisão do tribunal a Metro não pode proceder à adjudicação da obra à DST, escolhida pelo júri do concurso. Nesse contexto, e tendo em conta que a empreitada é financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a Metro já solicitou o adiamento do prazo de conclusão da obra, para 31 de dezembro de 2025. Por enquanto, aguarda resposta da estrutura de missão do PRR.
CONTACTOS PARA ALUGAR AUTOCARROS
A Metro encetou o processo para tentar alugar autocarros para a operação provisória do metrobus no Porto ainda antes de ser divulgado o relatório da SCTP que deu parecer negativo à utilização do canal pela linha 203. A hipótese tinha sido colocada em cima da mesa pela própria operadora rodoviária, mas os testes efetuados demonstraram que a utilização do canal pelos autocarros da STCP é "insegura, ineficiente e comercialmente desvantajosa". Também a Polícia Municipal alertou para o perigo inerente à distância entre as portas dos autocarros e as plataformas das paragens. Os testes foram feitos na noite de 28 de outubro e dois dias dias depois a Metro contactava operadores privados para alugar autocarros por um período de meio ano, a começar neste mês de novembro, para operar no canal de metrobus.
Uma das condições solicitadas pela Metro era que os veículos tivessem portas do lado esquerdo (ou também do lado esquerdo) para que o canal de circulação pudesse ser usado sem os constrangimentos que afetam, por exemplo, os autocarros da STCP. É que aquelas viaturas têm as portas à direita e como no canal do metrobus na Avenida da Boavista as paragens estão ao centro, os motoristas seriam obrigados a fazer a aproximação às plataformas em contramão. No contacto com as operadoras privadas, a Metro pedia um total de seis veículos para alugar, de preferência elétricos e com mais de 12 metros de comprimento. O aluguer seria até maio de 2025.
Ao que o JN conseguiu apurar, foram contactadas pela Metro pelo menos três operadoras privadas. Houve quem admitisse a hipótese de adaptar os veículos e até se ponderou a hipótese de usar os autocarros que circulam nas pistas dos aeroportos (e que já dispõem de portas à esquerda). Contudo, como a largura desses veículos vai além dos 2,5 metros, não se mostrou adequada para circulação no canal de metrobus.
VEÍCULOS DE METROBUS
Passageiros
Os autocarros articulados e a hidrogénio contratados ao consórcio liderado pela Caetano Bus têm capacidade para 133 pessoas (35 sentadas e 98 de pé).
Autonomia
Estes veículos terão autonomia para 445 quilómetros com alimentação a hidrogénio e ainda de 50 quilómetros em modo elétrico. A velocidade máxima que conseguem atingir é de 80 km/h.
Videovigilância
A Polícia Municipal alerta para os "critérios legais" do funcionamento de câmaras de vigilância em todas as paragens, por se tratar de recolha de imagens em "espaço exclusivamente público".