Metro do Porto: Lá em baixo, a revolução já tem trilhos quase até ao Santo António
Construção da Linha Rosa no subsolo do Porto entra na reta final. Uma viagem às entranhas da cidade, onde trabalham centenas de operários.
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Com a superfície tomada pela confusão – estaleiros, trânsito, milhares de pessoas a circular – até se estranha ver a aparente acalmia com que centenas de trabalhadores estão a operar mais uma revolução no subsolo do Porto.
As obras de construção da Linha Rosa, que vai ligar a Praça da Liberdade à Casa da Música, estão na reta final e já há carris instalados desde a Baixa quase até à zona do Santo António.
No enorme estaleiro montado junto ao hospital, é preciso descer (para depois subir…) 117 degraus para chegar às entranhas da cidade onde a empreitada já deu forma aos túneis e é possível ver os primeiros vislumbres das futuras estações.
No subsolo desvanece-se o calor tórrido do início da tarde e até a azáfama dos trabalhos parece contida face ao corrupio meio-caótico que se passa na rua cerca de 20 metros lá em cima.
A obra segue ritmada, os homens até parecem mais pequenos dada a magnitude da empreitada, mas passo a passo a Linha Rosa vai ganhando forma. Há máquinas, operários, muitos deles imigrantes, e um sem número de movimentações com o objetivo de cumprir a ambição: a obra deve ficar pronta até ao final deste ano.
Três acessos
Percorrer a pé o túnel entre o Hospital Santo António e a Praça da Liberdade, sem estugar o passo, demora uns 10 minutos. Há barulho, mas nada de insuportável.
É preciso cuidado para não tropeçar, é preciso atenção para não atrapalhar quem está a trabalhar, é preciso desviar de um ou outro fio de água, mas depressa se chega à futura estação final da linha, no coração da Baixa do Porto, que terá três acessos: um para os Loios, outro junto ao McDonald’s e outro ainda nas Cardosas, com ligação pedonal para a estação de S. Bento, onde já há o metro da Linha Amarela.
Nos Aliados, a superfície está cinco/seis metros acima do canal por onde as composições vão circular. Subindo as escadas até ao futuro mezanino da estação, aquele piso intermédio onde poderão existir alguns espaços comerciais, a superfície está ainda mais perto: aproximadamente um metro e meio de distância.
Neste ponto da obra, na Praça da Liberdade, até já começam a experimentar-se revestimentos. Em termos de escavação, para completar o trajeto da Linha Rosa só falta um pequeno troço na zona da Boavista.
Milhões de passageiros
A nova ligação é totalmente subterrânea. Vai acrescentar cerca de três quilómetros à rede, e sendo construída no centro da cidade, com muitos edifícios históricos à superfície, obriga a cuidados redobrados.
Há uma série de imóveis monitorizados em permanência e, precisamente na zona do Hospital Santo António, há a preocupação acrescida de não perturbar uma unidade de saúde central, com muitos milhares de utentes. E que justificam, por si só, uma estação de metro naquela zona da cidade.
Além do Santo António, e das plataformas terminais, a Linha Rosa terá uma estação na Praça da Galiza. De acordo com as previsões da Metro do Porto, o traçado entre a Casa da Música e a Praça da Liberdade deverá ter uma procura de cerca de 10 milhões de passageiros no primeiro ano de operação, permitindo evitar, durante esse período, a emissão para a atmosfera de 1500 toneladas de CO2.