Ensaios decorrem há cerca de três meses em Guifões, Matosinhos. Câmaras exteriores laterais são novidade.
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Abrem-se as portas, mas ninguém sai. Para já, no interior do novo veículo do metro do Porto vive-se um típico ambiente de obra. Há sacos de areia a cobrir o chão e o pouco espaço que resta é invadido por cabos elétricos. Parece estranho, mas não passa de um cenário característico do período de testes que decorre há cerca de três meses. Esta semana, 17 toneladas de areia "imitam" o peso de 244 passageiros: é a chamada carga "normal". E à medida que os ensaios no primeiro veículo prosseguem madrugada dentro pela rede do metro (a entrada em operação será entre maio e junho), o Parque de Material e Oficinas (PMO) em Guifões, Matosinhos, recebe, na próxima semana, mais quatro novas composições.
Com um posto de condução mais "amigável" e transparência para o interior da composição, a grande novidade são as câmaras de vigilância exteriores. "Ainda não estão validadas para operação, mas os dados que temos até agora dão-nos alguma confiança. As câmaras por cima das portas oferecem ao maquinista visibilidade total. A câmara frontal (já existente nas outras composições) evita que alguém circule em sítios menos aconselháveis", explica Armando Sena, engenheiro eletrotécnico responsável pelo material circulante do metro do Porto, referindo-se aos "penduras".
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Acelerar e travar
Todos os ensaios já foram feitos em fábrica antes do envio da composição, mas a Metro do Porto está a repetir todos os procedimentos. Até agora, todos os testes foram bem-sucedidos. "O veículo foi dividido em duas partes para ser transportado até ao Porto. Seguiu por barco e depois de camião para o PMO. Aqui, voltámos a ligar os módulos e começámos os testes", explica o engenheiro eletrotécnico.
"Há ensaios de acelerações, de frenagens [travagens], para confirmar que o veículo frena ou pára com a desaceleração esperada e no espaço que é expectável e permitido. Verificamos se o sistema de ajuda à frenagem funciona, tal como o de ar condicionado, se o veículo cumpre as normas de ruído e se o sistema de informação aos passageiros funciona", clarifica o engenheiro.
Entre as figuras no interior do veículo que ilustram a rede do metro e as diferentes linhas, já está desenhada a futura Linha Rosa, entre a Casa da Música e S. Bento, no Porto, e o prolongamento da Linha Amarela até Vila d"Este, em Gaia.
"Todas as cargas têm de ser testadas. O veículo tem de ser carregado com pesos e recordo-me que nos anteriores utilizávamos pesos metálicos. Aqui não, são mais amigáveis para o próprio veículo, são sacos de areia", observa.
Detalhes
Capacidade máxima
Para os novos veículos do metro do Porto, a capacidade máxima estabelecida é de 385 lugares (64 sentados e os restantes de pé). Cada composição tem 35 metros de comprimento, estendendo-se até aos setenta em caso de veículo duplo.
Outros veículos
Os tram train, utilizados para viagens mais longas (até à Póvoa de Varzim, por exemplo), continuam a ser o modelo de composição de metro com o maior número de lugares: 396 (100 sentados). Já os eurotram (os primeiros da rede do metro do Porto) têm capacidade para 370 lugares, dos quais 60 sentados.