“É uma festa diferente e os carros, este ano, iam muito bonitos!”, diz Elsa Oliveira. Acaba de ver as Marchas Luminosas que, em Vila do Conde, abrem a noitada de S. João. Torceu pelo “seu” Monte. O cachecol vermelho ao pescoço não engana.
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Do outro lado da rua, a família de Daniela Gomes veste verde da cabeça aos pés. Ali, grita-se pela Praça. Quem não é da terra, sorri. É esta rivalidade entre os dois ranchos da cidade que faz do S. João de Vila do Conde uma festa que é “muito mais do que martelinhos e sardinha assada”.
“Espetacular! Como sempre, espetacular!”, diz Daniela, sorrindo, depois de ver passar a marcha da Praça, que levou mais de 200 pessoas em desfile pela avenida. Daniela dançou no rancho infantil, depois no atual. Agora, já não vai na marcha, mas o amor pelo rancho é o mesmo e não perde um S. João. A filha, de dois anos, já vibra com a Praça e, quem sabe, se daqui a um ano ou dois, não será ela a ir no desfile.
“De ano para ano, melhoram sempre”, explica Elsa Oliveira, satisfeita por ver a cidade cheia para assistir ao cortejo. O S. Pedro deu uma ajuda e trouxe uma noite “quase de verão” e, por ser domingo, havia “ainda mais gente a ver”.
Seja no Monte ou na Praça, ali vai o trabalho de quase um ano inteiro. Mais de 200 pessoas, dos 2 aos 89 anos, distribuídas pelos vários ranchos, todas trajadas a rigor, arcos na mão, coreografias bem ensaiadas e vozes a cantar bem alto. Pelo meio, os carros alegóricos com réplicas de monumentos da terra, alusões às tradições e ao próprio rancho.
Findas as marchas luminosas, cada um dos dois ranchos dançou “em casa”: a Praça na praça de S. João, o Monte no monte do Mosteiro. A multidão segue em festa pela cidade e, ora vai atrás do rancho do seu coração, ora espreita um e outro.
A noite seguiu com o fogo-de-artifício e uma beira-rio “cheiinha que nem um ovo”. Meio hora de espetáculo com música à mistura no estuário do rio Ave. A animação do resto da noite fica, depois, a cargo de Emanuel.
Hoje (dia 24) à noite, os dois ranchos voltam a sair à rua para a tradicional “ida à praia” e volta a competição: desta vez, já não é pelos ranchos mais vistosos, nem pelos carros mais imponentes, mas pelo que consegue arrastar mais gente na claque.