<p>Têm idades entre os 25 e os 45 anos e estão colocados no posto da GNR de Fátima. A dificuldade na percepção da língua inglesa e a necessidade de ajudar os peregrinos estrangeiros que visitam o Santuário levou-os de regresso à escola.</p>
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À quarta-feira à tarde, a sala 319 do Colégio de S. Miguel, em Fátima, é ocupada por novos e diferentes estudantes. Estão fardados, não carregam livros nem mochilas, apenas blocos de apontamentos. São na sua maioria homens que durante 90 minutos querem aprender a falar e a escrever na língua inglesa.
Assistem semanalmente a aulas práticas, de muito diálogo e alguma escrita. Perguntar a identificação, pedir documentos ou ajudar a descrever percursos são questões importantes para quem diariamente patrulha as ruas de Fátima.
Nuno Freire tem 37 anos, é cabo da GNR e sabe do que fala. Aprendeu inglês ainda novo e hoje admite ter alguma dificuldade em se expressar. Na cidade que acolhe anualmente milhares de peregrinos, este militar sabe que tem de, pelo menos, entender as questões dos peregrinos e ajudá-los. "Faz-nos falta saber inglês no dia-a-dia, por isso esta formação é extremamente importante", revela Nuno Freire, assumindo gostar especialmente "do cariz prático das aulas".
Esta é de resto a principal preocupação das duas professores que ensinam os militares. Filomena Baroso e Lúcia Ferreira ajudam com vocabulário básico, trabalham a apresentação dos militares e ajudam-nos com os circuitos.
Um trabalho prático a que se uniram também alguns alunos do 12º ano do colégio. "É importante para eles também porque é uma forma de estudar", realçou Lúcia Ferreira.
De acordo com a docente, o material didáctico é preparado especialmente para os militares, por elas próprias, e a avaliação "é feita de uma forma informal".
Sabem que têm pela frente adultos com diferentes conhecimentos da língua inglesa e por isso as aulas têm de ser diferentes. "Vamos dividir a turma por forma a que quem já tem conhecimentos mínimos possa continuar a evoluir", esclareceu a professora Lúcia Ferreira.
A docente enaltece a "motivação" dos alunos e mostra-se disponível para continuar a ajudar. "As aulas dependem das necessidades deles, por isso não sabemos ainda quando vamos terminar", sustentou.
O comandante do Destacamento da GNR de Tomar garante também que não há prazos estipulados para terminar a formação, e que "tudo depende das necessidades" dos seus homens. Segundo o tenente Manuel Lage, "as necessidades vão surgindo e nós vamos estando atentos para darmos uma resposta adequada". Com estas aulas, explica, "pretende-se melhorar o serviço que a Guarda presta ao cidadão, neste caso aos peregrinos".
O responsável mostra-se satisfeito com o "desafio" que a Guarda lançou ao Colégio de S. Miguel e que "foi bem aceite". Salienta a "extrema necessidade" dos seus militares que andam na rua "saberem ajudar os peregrinos".
No posto de Fátima existem 50 militares, sendo que 40 frequentam a formação em inglês, a que acrescem mais quatro do Destacamento de Tomar.
As aulas decorrem todas as quartas-feiras, dia dedicado à instrução nos postos da GNR.