O projeto de construção de um parque eólico na serra de Santa Comba, em Mirandela, fez disparar as críticas ao projeto por parte da comunidade científica. Agora, é o botânico espanhol, Antonio Crespi, professor da UTAD, a considerar que o Estudo de Impacte Ambiental prévio "é uma fraude". O assunto vai hoje ser discutido esta sexta-feira em Assembleia Municipal extraordinária.
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Agora, é o botânico espanhol, Antonio Crespi, professor do Departamento de Biologia e Ambiente da UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - a considerar que o Estudo de Impacte Ambiental, que serviu de suporte ao operador para ver aprovado o investimento de 30 milhões de euros na instalação de seis aerogeradores, "é uma fraude". Destaca que o que está escrito "não é a realidade da serra" e que o estudo é sustentado em "cálculos potenciais".
Para o botânico espanhol, a avaliação "devia ser repetida", alegando que a serra "tem vegetação autóctone única, com origem há sete mil anos" que necessita de ser preservada. Sustenta que é necessário parar para pensar e só depois agir. "A população dos concelhos limítrofes de Mirandela não vai usufruir deste parque e é preciso ver realmente se compensa dar cabo deste património", afirma.
Estamos a destruir a cultura de um povo
O docente sublinha que a serra de Santa Comba "conta a história do país , pelo que, se o parque eólico avançar, os portugueses vão ignorar a sua história. "Estamos a destruir a cultura de um povo", lamenta.
Também o arqueólogo Luís Pereira, deixa críticas ao Estado. alegando que está a contribuir para o problema e não para a solução. "Está a contradizer-se porque por um lado quer proteger as figuras rupestres, dando início ao processo de classificação, por outro, concede autorização para construir o parque eólico", refere.
Para a comunidade científica, a solução passa por suspender a instalação do parque eólico, sob pena de se destruir "uma das zonas arqueológicos mais importantes da Península Ibérica", segundo Angelo Fossati, presidente da Federação Internacional de Arte Rupestre.