A festa de Mirandela em honra da Nossa Senhora do Amparo, que arrancou a 25 de julho, está a chegar ao fim de semana final e na próxima madrugada esperam-se mais de duas mil pessoas a tocar bombo pelas principais ruas da cidade, apinhadas de gente numa folia que contagia e que não deixa ninguém indiferente.
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Os mirandelenses chamam-lhe mesmo a noite mais longa do ano. "É certamente o dia do ano em que a gente de Mirandela vai para a cama mais tarde, porque é um dia de pura diversão e de convívio com os que moram cá e aqueles que estão fora, em Portugal e no estrangeiro. Alguns só os vemos nessa noite e depois só voltamos a encontrá-los no ano seguinte", conta Manuel Silva, um mirandelense para quem a noite dos bombos é sagrada, há mais de 40 anos.
Para a presidente do município, Júlia Rodrigues, não restam dúvidas de que esta tradição, que começou há mais de seis décadas, "é uma imagem de marca que seduz milhares de pessoas e os bombos de Mirandela estão imortalizados".
Rui Barreira, da Associação dos Bombos de Mirandela (ABOMIR), que organiza o evento, conta que a festa "já atingiu proporções impensáveis". "Na altura eram meia dúzia, mas agora as pessoas vêm de todo o lado tocar bombo e é difícil encontrar alguém em Mirandela que não tenha um bombo em casa", partilha.
"Agora até já há famílias inteiras a integrar o desfile e grupos de amigos que usam fardas personalizadas”, diz Mário Esteves, outro fundador desta tradição e o "maestro" da famosa noite dos bombos. "Fui regente da banda de Mirandela e sempre tive jeito para isto e eles precisavam de quem os comandasse", conta.
Por volta da uma da manhã, os "tocadores de bombo" vão concentrar-se no santuário da Nossa Senhora do Amparo. Têm à sua espera centenas de litros de sangria, vinho, barris de cerveja, potes de rancho, sardinhas, alheiras e outros produtos regionais.
Por volta das duas da manhã, e já com milhares nas ruas para assistir ao desfile, os tocadores vão percorrer as principais artérias da cidade durante horas. Aos primeiros raios de sol, os mais resistentes ainda fazem barulho.