Pároco contestado por causa da saída de Irmãs Reparadoras está de férias e foi outro padre a celebrar. Entre meia centena de fiéis, opiniões dividem-se.
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Pouco antes do meio dia de ontem ainda pairava na Mêda a dúvida sobre se ia haver a habitual missa de domingo e quem a iria celebrar. A incerteza instalou-se ao longo da semana, depois de, no domingo anterior, vários paroquianos se terem juntado à porta da igreja local para contestar a saída de três freiras que estavam ao serviço do patronato. A missa foi interrompida e acabou cancelada. Ontem celebrou-se até ao fim, sem qualquer incidente, vigiada pela GNR.
"Hoje houve missa, mas ainda chegou a correr um boato de que aqui não havia", avançaram paroquianos ao JN, junto ao templo. À hora certa, uma das portas laterais foi aberta e, pouco a pouco, de forma pacífica, foram entrando paroquianos em pequenos grupos. Pouco mais de meia centena, entre eles alguns dos contestatários, determinados a cumprirem os seus hábitos religiosos.
"No domingo passado, estive cá, mas do lado de fora. Hoje vou à missa", dizia-nos um paroquiano prestes a entrar na igreja. "Não vejo com bons olhos o que está a acontecer e estamos todos muito tristes com a saída das irmãs do patronato", lamentava o homem.
Queixa-crime
Tinha sido a saída das três freiras da Congregação das Irmãs Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus a desencadear, há uma semana, o protesto contra o bispo de Lamego, D. António Couto, e o padre da Mêda, Basílio Firmino, que é também, por delegação do prelado, o diretor do Patronato, uma obra social criada por vontade de uma benemérita. A diocese apresentou uma queixa-crime contra os manifestantes, acusados de boicotarem a missa, e contra o cabo chefe da GNR, por ter estado no local e não os ter impedido.
Ontem, não foi o pároco de Mêda quem dirigiu o serviço religioso. "O padre Basílio está de férias, é o padre Jorge quem vem celebrar hoje", confirmaram fiéis ao JN.
Sobre a polémica instalada entre os paroquianos, o bispo e o padre, continua a ser difícil encontrar quem queira falar abertamente e sem ser sob anonimato. Os que questionam a saída das irmãs acusam o padre Basílio Firmino de as maltratar e o bispo de nada fazer. "Só quem está dentro do convento é que sabe o que lá vai dentro", apregoa uma paroquiana. "O padre era mau para as freiras e para nós funcionárias. Dizia-nos que nem o ordenado merecíamos", conta uma delas.
Quem está ao lado do pároco e do bispo pensa que "se as irmãzinhas foram embora é porque tinham de ir" e, por isso, "o padre não tem culpa". "Andam aí a dizer que eram maltratadas, mas quem é que diz isso?", comentam ao JN três paroquianas, em passo apressado, à saída da missa. Também elas sem se identificarem.