Um munícipe de Lisboa exigiu esta terça-feira, durante a reunião da Assembleia Municipal, respostas sobre o acidente com o elevador da Glória e interpelou diretamente o presidente da Câmara, Carlos Moedas (PSD), que saiu da sala para lhe responder.
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"Como é que chegou a esse número de 600 dias para substituição do cabo [do elevador da Glória]? É que eu queria votar, mas queria votar em consciência", afirmou o munícipe Alfredo Cordeiro, no período de intervenção aberto ao público, num momento em que se está a cerca de um mês das eleições autárquicas de 12 de outubro.
Depois dessa intervenção, o munícipe exigiu, a partir das bancadas, respostas ao presidente da Câmara de Lisboa, que é recandidato do cargo, tendo a presidente da Assembleia Municipal, Rosário Farmhouse (PS), avisado que "o público não pode pronunciar-se".
Perante este incidente, Rosário Farmhouse pediu à Polícia Municipal para retirar "o público que está a perturbar a assembleia". Alfredo Cordeiro acabou por ser retirado, tendo antes o presidente da Câmara sinalizado que iria falar com ele, saindo também da sala.
No período de intervenção, Alfredo Cordeiro começou por realçar "o direito a intervir, o direito à transparência e o direito à informação", referindo que, onde vive, no Bairro do Castelo, há também "uma Calçada da Glória", numa alusão ao acidente que ocorreu na quarta-feira com o elevador da Glória.
"Tem as grades todas estragadas, podres", apontou o lisboeta, referindo que houve "uma obra ilegal", onde há agora um depósito de lixo e "já nascem flores no meio do alcatrão", sem indicar qual o local em concreto.
Questionando o vice-presidente da Câmara, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), procurou ter respostas sobre o que aconteceu com o elevador da Glória: "Por quem foram testados os travões e em que circunstâncias?"
Os sete membros da liderança PSD/CDS-PP na Câmara de Lisboa, incluindo o social-democrata Carlos Moedas, estão presentes na reunião da Assembleia Municipal, em que se prevê a discussão de uma moção de censura do Chega ao presidente da autarquia, assim como a apresentação do balanço do trabalho do município entre junho e agosto.
O elevador da Glória descarrilou na quarta-feira, tendo provocado 16 mortos e 22 feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.