O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, defendeu, esta manhã de quinta-feira, que "a polícia tem de estar na rua" e mostrou-se disponível para pôr a autarquia a "construir mais esquadras".
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No arranque do colóquio "Polícias Municipais: Segurança Urbana e Comunidades Locais", que está a decorrer esta quinta-feira no Teatro Aberto, em Lisboa, Moedas garantiu que fará "tudo o que for preciso" para aumentar o número de polícias na cidade, manifestando desacordo com a política de encerramento de esquadras seguida pelos sucessivos governos.
"As esquadras foram fechando em Lisboa. Percebo que o caminho que está a ser tomado pelo governo anterior, e agora também, é de que haverá menos esquadras. Sou contra, acho que deveria haver mais. A Câmara constrói. Se o problema é o alojamento, também podemos ajudar", disponibilizou-se o líder da autarquia lisboeta, alertando que "a cidade já não é a mesma".
"Em 2010, Lisboa tinha 8000 agentes da PSP e hoje tem à volta de 6700, então temos um problema porque a cidade de 2010 não é a mesma de 2024. O recrutamento é importantíssimo e o Governo tem de conseguir dar condições para que a profissão seja atrativa", apelou, reiterando um outro pedido antigo à tutela para reforçar o efetivo da Polícia Municipal com mais 200 agentes, uma vez que o contingente atual está "muito abaixo do estipulado", situação que se arrasta há "três anos".
"Hoje temos apenas 417 polícias municipais, muito abaixo dos 600 de que precisamos", criticou, acrescentando que a autarquia reforçou a área da Segurança em "22 milhões de euros" no orçamento municipal de 2025, dando prioridade ao policiamento comunitário e de vigilância das zonas de diversão noturna.
Moedas voltou a insistir na ideia de que a Polícia Municipal de Lisboa deveria poder fazer detenções. "Os polícias municipais têm de ter capacidade de atuar. Chegamos a situações ridículas em que a polícia está com a pessoa que cometeu o crime e não a pode levar para a esquadra. Isto não faz sentido", considerou, adiantando que aguarda um parecer da ministra da Administração Interna para que seja possível.
"Agravamento de crimes violentos"
O autarca, como já tinha referido noutras ocasiões recentemente, recordou que "há um sentimento de insegurança que se tornou visível na cidade e os números mostram que há mais violência nos crimes que são praticados". "Eu sou o barómetro porque estou na rua. As pessoas vêm ter comigo e dizem que estão mais inseguras", partilhou.
Um pouco antes, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, também se mostrou apreensivo, notando que "há algumas manifestações particularmente preocupantes que merecem atenção, designadamente algum agravamento de crimes violentos", como "tráfico de estupefacientes", mas sublinhou que "o aumento da emigração não está associado ao aumento da criminalidade".
Para Leitão Amaro é "importante" que o Governo assuma a segurança como "uma prioridade" e que "não é radicalismo nem populismo dar prioridade à segurança".
"Portugal consta da lista dos países mais seguros, está em sétimo lugar e há uns anos estava em terceiro, mas não podemos dar a segurança como um dado adquirido. Precisamos de estar na rua, ir aos sítios mais problemáticos e aos que estão seguros e queremos que continuem a estar", defendeu.
"Há alguns fenómenos que queremos parar agora, ao contrário de outros países da Europa que acordaram tarde demais para os mesmos. Queremos que o país e que a nossa capital continue a ser uma das mais seguras do mundo", salientou ainda.