Monte Córdova perde única farmácia

"Preocupa-nos a terceira idade e as dificuldades económicas. Sabemos que grande parte dos idosos tem reformas miseráveis, e muitos gastam 60 ou 70% delas em medicação. Um idoso pode comprar aqui um medicamento de três euros e pagar 15 ou 20 euros, se tiver de apanhar um táxi para a cidade. Estamos a falar de um aumento de 500 ou 600 por cento", observa o presidente da Junta de Freguesia, Manuel Leal.

E não será por acaso que o autarca de Monte Córdova fala em onerosas viagens: situada num dos extremos de Santo Tirso, a freguesia, rural e com "40 por cento da população idosa" não tem transportes públicos ao fim-de-semana, pelo que para uma urgência medicamentos dispõe de mais duas alternativas: "Transporte próprio ou boleia", enumera Rosa Carvalho, que prevê acorrer à farmácia de Penamaior, em Paços de Ferreira, a "seis quilómetros, em carro próprio. A de Santo Tirso fica a uns doze", calcula a utente da Farmácia Neves, que aguarda transferência para a cidade.

Hugo Assoreira, proprietário do estabelecimento há um ano, adiciona uma terceira: "Vamos montar uma parafarmácia [não avia receitas médicas] no sítio da actual farmácia". Além disso, garante, existe um "serviço de entregas ao domicílio gratuito para Monte Córdova" providenciado pela Central - que Assoreira possui também na sede do concelho - e dentro dos horários da Neves. Restam as farmácias de Santa Cristina do Couto e de Lamelas.

Após multiplicar-se em ofícios, do presidente da República ao líder do município tirsense, Manuel Leal avançou com uma providência cautelar para evitar o encerramento ou ser autorizada a abertura de um novo concurso de farmácias.

Porém, do primeiro objectivo o autarca conseguiria somente um adiamento, já que a transferência estava prevista para Dezembro: a farmácia aguarda agora uma vistoria do Infarmed para se mudar para o lugar da Ponte Velha, em Santo Tirso.