
LUSA
Primeiro dia de campanhã autárquica e a polémica desperta pela voz do primeiro-ministro. Luís Montenegro, na pele de líder do PSD, acusou os socialistas e os comunistas de serem brandos no combate aos bairros de lata na Área Metropolitana de Lisboa. O social-democrata sublinhou que as barracas têm ressurgido, sobretudo, em autarquias lideradas pelo PS e CDU, porque os presidentes das câmaras sociais-democratas "não ficam a olhar" para este problema.
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O secretário-geral do PS apontou a "grande desumanidade" de Montenegro, enquanto o PCP lembrou que a inação é do Governo e não das autarquias, até porque um dos maiores bairros de lata da Grande Lisboa, que junta quase duas mil pessoas em Almada, cresceu num terreno do Estado e, por isso, é "da sua responsabilidade direta". Num almoço com todos os autarcas do distrito de Lisboa, Luís Montenegro considerou "muito curioso" que o retorno "devagarinho" do fenómeno das barracas esteja a acontecer em municípios geridos pelo PS e PCP. Recorde-se que o PSD preside apenas a três câmaras da Área Metropolitana de Lisboa - Lisboa, Cascais e Mafra.
"As candidaturas que aqui temos não são dos que ficam a olhar e observar o renascimento de núcleos de barracas. Não há que ter problemas de falar nas palavras como elas são: de barracas, de bairros de lata", frisou perante os candidatos do PSD.
Para o secretário-geral do PS, as palavras de Montenegro revelam uma "grande desumanidade", lembrando que o preço elevado das habitações obrigou muitas famílias a saírem de Lisboa. "Luís Montenegro, por acaso, tem consciência de que o local onde mais barracas estão a nascer é dentro dos terrenos do Estado e do Instituto de Habitação?", questionou José Luís Carneiro, que quer saber o que está a fazer o Ministério das Infraestruturas para resolver o problema. Ao JN, também o PCP fala da inação do Governo no caso de Almada e lembra que, no último levantamento, o concelho de Lisboa, presidido pelo social-democrata Carlos Moedas, tinha 11 500 agregados a viverem em condições indignas.
