A passagem entre a Travessa e a Rua Miguel Duarte Caturra, em Lavra, no concelho de Matosinhos, pedonal há mais de 25 anos, está pronta para ser aberta ao trânsito. Os moradores dizem-se penalizados por terem comprado terrenos numa zona transformada em "armadilha". Além de se queixarem de ter perdido área junto às casas, temem que a nova rua se torne palco de acidentes, numa antiga praceta onde as crianças estavam habituadas a brincar.
Corpo do artigo
Contactada pelo JN, a Câmara de Matosinhos disse que a intervenção "não tem qualquer consequência negativa" e que "a justificação para a ligação entre ambos os arruamentos é evidente". "Existem dois arruamentos com acesso automóvel, mas sem saída, que passarão a estar unidos, reforçando as condições de segurança e a mobilidade da zona em questão", realçou.
"Um dos motivos que nos levaram a comprar estes lotes foi o facto de a rua não ter saída. Era uma zona calma,", explicou Lino Ribeiro. Com o início da construção de uma casa junto à passagem pedonal, os residentes foram informados de que passaria a existir ali uma rua com trânsito automóvel.
"Fomos à Câmara falar com o arquiteto, que não nos soube dizer nada", afirmou. Com o projeto "ainda em estudo", os residentes dizem ter sido informados de que seria colocada "uma lomba na rua para abrandar o trânsito, mas que o objetivo era que não houvesse interrupção para os veículos de emergência".
"Estamos aqui há 23 anos e os veículos de emergência nunca tiveram problemas em cá chegar", notou Lino Ribeiro.
No terceiro trimestre de 2021, pediram uma reunião com a presidente da Câmara, Luísa Salgueiro. "Na altura da campanha para as autárquicas, disse que recebia todos os munícipes. Pelos vistos nós não somos munícipes, não fomos recebidos", frisou. "Cedemos espaço para fazerem uma praceta. Agora vão devolver-nos o terreno que tiraram?", questionou.
Segundo João Mourão, que ali reside há 12 anos, foi prometido aos moradores que o projeto do arruamento ser-lhes-ia apresentado antes da concretização. "Certo é que a rua está pronta e não nos disseram nada", lamentou.
"Também nos tinham dito que iam criar uma faixa com largura para um carro e afinal dá para dois. E que ia haver uma placa de trânsito condicionado, até agora nada", acrescentou.
"Nestes anos todos a passagem [pedonal] nunca incomodou. É um capricho da Câmara", defendeu