Um movimento cívico contesta a reativação da pedreira do Lajedo, em Monte Córdova, Santo Tirso. Os moradores solicitam às entidades responsáveis pelo licenciamento que indefiram os pedidos de exploração e ampliação da unidade, que foi adquirida pela empresa Edilages.
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Depois de terem enviado uma carta à Câmara de Santo Tirso, no início de abril, os moradores do Vale do Leça que criaram um movimento cívico para contestar a reativação e ampliação da pedreira e britadeira do Lajedo, em Monte Córdova, lançaram, neste mês, uma petição pública para exigir o “encerramento definitivo” daquela unidade.
Dirigida à Câmara, à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Agência Portuguesa do Ambiente e Assembleia da República”, a missiva, que está alojada na plataforma online “Petição pública”, tem como objetivo “solicitar às entidades responsáveis pelo licenciamento da pedreira de Lajedo o indeferimento dos pedidos de exploração, ampliação e alteração do regime de licenciamento” efetuados pela Edilages, que adquiriu a unidade em 2022.
Após ter sido emitido, no final de agosto de 2023, o averbamento ao alvará de 1995 de licença de estabelecimento para exploração de pedreira de granito, a empresa ampliou ilegalmente a área da unidade industrial para uma zona de Reserva Ecológica Nacional (REN) e construiu, de forma “clandestina”, estruturas em betão, como confirmou ao JN, em abril, a CCDR-N.
"Devastação já começou"
Salientando que “Monte Córdova é uma freguesia tranquila com cerca de quatro mil habitantes”, os subscritores referem que, na sequência das intervenções na antiga unidade, que esteve inativa durante mais de 10 anos, “a população vive sob a ameaça do regresso de uma ferida antiga: a pedreira de Lajedo”.
Denunciando que “a devastação já começou”, com operações de terraplenagem e construções em betão, os peticionários recordam que, “durante décadas, os moradores sofreram com explosões que rachavam paredes e projetavam pedras sobre telhados, com o ruído, o pó, a pressão sobre os solos e a água, com impactos ambientais e de saúde que nunca foram verdadeiramente reconhecidos”.
“A exploração parou, mas agora querem reativá-la recorrendo a processos de legalização que se têm revelado, no mínimo, estranhos”, argumentam os moradores, que reivindicam “o encerramento definitivo da pedreira de Lajedo, a revogação imediata da licença atribuída à Edilages, a suspensão da revisão do PDM nas áreas afetadas, um plano de recuperação ecológica da zona e a responsabilização dos autores de atos lesivos ao ambiente”.
Pedreira fica perto de casas
Os subscritores lembram que “há pessoas a viver muito perto da pedreira”, e, sustentados na experiência e memória dos tempos em que a pedreira funcionou, referem que as “explosões farão tremer toda a laje geológica interligada sob as fundações das casas e, quanto mais fundo for escavada a pedra, maior será o risco de danos estruturais nos edifícios da freguesia”.
Entretanto, “as linhas de água foram desviadas, deixando casas sem o seu abastecimento tradicional, e águas pluviais misturadas com resíduos de construção e alcatrão escorrem hoje para o rio Leça, muito perto da sua nascente e das emblemáticas Quedas de Fervença, numa zona de grande valor ecológico, turístico e patrimonial”, como também denuncia o movimento cívico.